23.4.14

Questão 299 do Livro dos Espíritos
     METADE

    Essa questão sobre uma suposta "metade", foi muito bem respondida pelo Espírito; ela é oriunda da mesma fonte da "alma gêmea".
    Quando se chama de metade ao espírito que acompanha outro com profunda afinidade, e se referindo à fusão de sentimentos análogos, e se aceitamos que os dois formam um, pelos laços do coração, entendemos que, apartando-se um, ambos ficam incompletos. Assim, essa expressão é somente filosófica, ficando no abstrato porque, na verdade, o espírito é individual e indivisível, e o amor, como já dissemos, deve ser universalizado, força essa que nos une a todos e todos em Deus.
    Na verdade, nunca podemos viver separados dos outros espíritos; estamos sempre juntos em toda parte, tanto na Terra como no mundo espiritual, e é pelo conjunto que vivemos felizes, buscando a felicidade em Cristo Jesus. A expressão "cara metade" na Terra, geralmente é usada entre os casais, significando que é a metade do outro nos compromissos assumidos ante a vida material. Depois, a própria lei da reencarnação leva-os a buscar outra metade em novos compromissos, obrigações essas que os conduzem a um amor maior, de modo que esse amor cresça, buscando abranger a tudo e a todos.
    É a mesma coisa que se pode entender nessa linguagem tão comum entre os casais, "minha mulher", "meu marido". Não se pode julgá-la na profundidade do termo; é apenas figura de expressão. Ninguém tem posse de ninguém porque, se hoje estão juntos, amanhã estarão separados pela lei divina e universal da reencarnação. Não vamos entender "cara metade" como uma realidade, como se fosse de fato uma metade do outro. Assim, o homem seria uma obra incompleta, e Deus, sendo Deus, faz tudo com perfeição.
    A luta da fratemidade é fazer desaparecer o egoísmo; a luta do perdão é fazer desaparecer a vingança; a luta do amor é fazer desaparecer o ódio. O Evangelho, em muitas falas, nos traz muita figuração. Jesus falava por parábolas, de sorte que os ensinos pudessem varar os séculos e chegar até aos dias atuais, trazendo a mensagem no seu fulgor primitivo.
    A simpatia é unidade do amor que marca a individualidade. Mesmo sendo ela nascida dos sentimentos inferiores, se pode deixar de ser simpatia no meio dos espíritos que desconhecem a verdade, prova que os dois que antes simpatizavam entre si não eram parte um do outro, porque a antipatia os separa e eles podem viver bem cada um em lugar diferente.
    Os que amam e são evoluídos encontram, em todos os seus semelhantes, irmãos que devem dar as mãos em todos os serviços da fraternidade. Se encontrarmos alguém com o ideal do bem, na firmeza de todos os propósitos inspirados no amor, tenhamo-lo como nossa metade, e copiemos seus feitos, porque isso é bom para a nossa paz interna.
    Devemos compreender que Jesus dirige o rebanho da Terra. Nós todos somos Suas ovelhas, e cada uma, mesmo individualizada pela sua formação está ligada às outras pelo amor de Deus. Todos juntos formamos uma corrente divina, e cada criatura representa um elo. Estamos presos uns aos outros pelo amor de Deus.
 

Livro: Filosofia Espírita - João Nunes Maia - Miramez

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