VAMOS CONTAR
Sim, vamos contar o que, dias
atrás, lhe aconteceu, para que os irmãos e irmãs que nos acompanham possam ter
ideia do tamanho da luta que, desde muito, você vem enfrentando na tarefa
doutrinária – luta múltipla e diversificada!
Num sábado, creio que no dia 15
de março, estava você almoçando com a família, em sua casa, logo após as
atividades mediúnicas públicas no “Pedro e Paulo”, quando o telefone celular
tocou e um amigo informou que alguém, do Estado de Goiás, necessitava falar com
você urgentemente...
Ele precisava passar às suas mãos certa documentação
alusiva a Chico Xavier, e se recusava a entregá-la a outras mãos que não fossem
as suas.
Preocupado, você engoliu como pode a comida no prato, e, de novo,
pegando o carro, se dirigiu ao “Pedro e Paulo”, de onde, aliás, não fazia muito,
havia saído após ter cumprido exaustivo labor.
O homem calvo, de bermudas, e,
estranhamente, puxando um cachorro de raça pela coleira, queria conversar em
particular, e, por isto, você o convidou para um canto do salão de reuniões, no
qual, minutos atrás, várias famílias, recebendo cartas de seus entes queridos,
haviam sido consoladas.
Imaginando tratar-se de assunto sério, você se
colocou à disposição do desconhecido, que recusou o convite para sentar-se ao
seu lado num dos bancos de madeira do recinto...
- Estou aqui – disse-lhe
transfigurado, quase colocando o dedo indicador da mão direita no seu nariz –
para lhe fazer severa advertência sobre os livros que você vem escrevendo sobre
Chico Xavier, todos eles apócrifos... Inclusive este aqui: “O Evangelho de Chico
Xavier”, que tem criado sérios problemas para o espírito dele no Mundo
Espiritual...
Algo aturdido, você, naturalmente, permaneceu sem ação – graças
a Deus, sem lhe ocorrer a ideia de pegar aquele homem atrevido pelos fundilhos e
atirá-lo porta afora da Instituição, que, cá entre nós, era o que ele, e os seus
asseclas, encarnados e desencarnados, mereciam – loucura versus loucura é jogo
que termina empatado!
- Sinta-se advertido! – continuou ele inflamado, como
se estivesse a se desincumbir de uma missão divina, lamentando não mais poder
acender uma fogueirinha para assá-lo vivo. – Este livro é completamente
apócrifo, como os demais que você tem escrito... Vim até aqui para ordenar a
você que pare de editá-lo! (E você, além de não pegá-lo pelos fundilhos, se
esqueceu de dizer a ele que “O Evangelho de Chico Xavier” acabara de ser
traduzido para o italiano – ele teria tido uma apoplexia!) Estou aqui em nome de
altos Espíritos para proibir você de continuar divulgando este livro, e qualquer
outro de sua lavra sobre Chico Xavier... Outra coisa – acrescentou com o seu
hálito fétido, quase lhe cuspir no rosto –, você fique sabendo que o Mundo
Espiritual é como é, e não como a gente quer que ele seja...
Claro, eu estava
ao seu lado, mas, não sei se feliz ou infelizmente, Odilon, que estava ao meu
lado, me impediu de intervir, pois, caso contrário, antes de atirá-lo no asfalto
da avenida em frente, teríamos dito a ele poucas e boas, mandando que ele,
recolhendo as suas pesadas vibrações, pegasse a sua camioneta e voltasse para
Luziânia – sim, a placa era da cidade de Luziânia!
O infeliz irmão ainda teve
o capricho de deixar com você uma apostila (ele tem um Português muito bom, você
notou?!) na qual contesta, capítulo a capítulo, o que está em “O Evangelho de
Chico Xavier” – uma apostila e um CD, que, com certeza, deve andar distribuindo
gratuitamente por aí, destilando o seu veneno de jararaca...
Agora, o mais
curioso disto tudo – e você tem documentos para provar isto –, é que, na
introdução da apostila, ela exalta o trabalho de certo médium rival de Chico
Xavier... Curioso, não?! Curiosíssimo! Como costumávamos dizer por aí: pau
mandado!...
Convém, no entanto, meu caro, daqui para frente, você escrever
uma tabuleta e afixar na parede de entrada do “Pedro e Paulo”, com os seguintes
dizeres: Se você é louco, o médium aqui é mais... Cuidado! Se estiver vindo em
nome de Deus, entra que não tem perigo, mas se estiver vindo em nome do Diabo,
não se arrisque!...
Ora, afinal, esta gente precisa parar com tanto
atrevimento, vindo tirar o nosso sossego dentro de nossa própria
casa.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 7 de abril de 2014.
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