18.8.14


Antes de Partir

Tenho presenciado algumas mortes desde que vim para o plano espiritual. Todas elas são impactantes porque mexem com o emocional das pessoas. Cada uma, ao seu modo, traz tristeza para todos os envolvidos. A partida de alguém querido dói o coração daqueles que veem o seu ente partir. É natural. Morrer, porém, pode representar um ato de esperança. A esperança da imortalidade, da vida infinita.
Choro, lamento, dor, são reações naturais nestas ocasiões e devemos entender como uma expressão de amor por alguém que não vai mais estar entre os que ficam. Partir, seja qual for a situação, é sempre dolorido porque representa afastamento e, no caso do morrer, porque significa não mais ver, falar, tocar, beijar, estar junto.
Morrer, no entanto, pode ser – como é – o início de nova vida, de nova experiência, de novo aprendizado.
Ao vermos a morte, se existe sentimento de amor, deve ser o de perguntar se aquele não foi o melhor para quem partiu, apesar da enorme vontade de tê-lo ao seu lado. Este é sempre o ponto mais importante a ser pensado.
Dentro deste contexto, tento justificar o desenlace de um jovem e promissor político da cena nacional brasileira, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.
Aos olhos dos que ficam foi um tremendo terror o acidente – e de fato foi se considerarmos a forma de desastre aéreo com a descaracterização total dos corpos. Se considerarmos, porém, o aspecto espiritual antes do material, pode-se atenuar e muito esta forma grosseira que foi a sua partida para a dimensão espiritual.
Penso que o impacto emocional junto ao povo de Pernambuco e ao povo brasileiro, que começava a conhecê-lo melhor, representou uma forma de valorização da vida para muitos.
Um homem jovem, cheio de vida, disputando o posto máximo de uma nação, com inúmeras responsabilidades nas costas, teve rapidamente os seus planos interrompidos. Ora, podem pensar muitos, se aconteceu com ele pode perfeitamente acontecer comigo também.
A pergunta, neste caso, que vem a mente, entre outras, seria: “o que já fiz na vida antes de partir?
Efetivamente, esta pergunta deve ser feita não apenas no instante da provável morte, mas, como se é suscetível a ela todos os dias, ela deve ser feita em cada momento da vida. Isto como uma forma de prevenção, mas também de sabedoria espiritual.
Quando alguém é ciente de seus atos na Terra, quando possui discernimento sobre seus feitos, quando tem um plano de atuação e tenta cumpri-lo, esta resposta é mais tranquila, embora fique sempre o sentimento de incompletude.
Quanto a Eduardo Campos, certamente ficará o sentimento de que ele poderia ter feito mais. Na verdade, na vida sempre poderemos fazer mais. Em particular, porque era alguém que gostava de olhar o horizonte, vislumbrar o futuro, ter sonhos.
Seu sonho de governar o Brasil não será realizado, mas o convite agora que lhe faz é de novamente governar a sua própria vida noutra perspectiva existencial.
Acordar no mundo espiritual é sempre um recomeçar e um desafio de ajustamento. Eu que o diga. E será para alguém que tinha mais a fazer entre os “vivos” do que entre os “mortos”.
Eduardo Campos está bem, posso afirmar com convicção. Acompanhei seu desenlace pelas mãos do ex-governador Miguel Arraes. Tudo se cumpre com o rigor que a hora recomenda, o que quer dizer que o afastamento do corpo foi imediato para a maioria dos envolvidos no acidente.
A providência tomada para a maioria foi deixá-los inconscientes do acontecido para o bem de todos eles. E isto foi executado, sempre que possível, pela equipe espiritual que deu a devida assistência.
Tenho o dever de dar estas informações, embora muitos possam não acreditar no médium que as escreve por pura incredulidade das coisas espirituais e talvez pelo tom sensacionalista que possa parecer, mas foram estes os fatos ocorridos e que presenciei de perto a pedido do ex-governador Miguel Arraes que a tudo assiste e coordena.
Tudo está feito conforme os desígnios de Deus e de nós só resta confiar na Sua sabedoria.
Confiemos que a morte não existe e que tudo segue a intricados, mas justificados, planos divinos. Apenas isso.
Confiemos no Pai e expressemos o nosso amor e admiração em forma de prece por todos os protagonistas deste episódio.
O Brasil perde um lastro de esperança na luta por melhores dias para seu povo, mas a vida continua e os esforços para a construção de um País melhor deve continuar a conduzir a todos, independentemente de uma liderança política que sonhava, de verdade, por dias de prosperidade e esperança para sua gente.
Um abraço,
Helder Camara

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