24.10.14

Espírito Masculino/Feminino
O Espiritismo ensina que o Espírito não tem sexo, podendo encarnar-se como homem ou como mulher, em diferentes existências, mas que costuma escolher, preferentemente, um ou outro sexo, renascendo continuamente como home ou mulher, (Questões números 200 a 202, de "O Livro dos Espíritos".) Ao comentar as respostas, Kardec escreveu o seguinte:
"Os Espíritos encarnam como homens ou como mulheres, porque não tem sexo. Visto que lhes cumpre progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhes proporciona provações e deveres especiais e, com isso, ensejo de ganharem experiência. Aquele que só como homem encarnasse só saberia o que sabem os homens."
Dessa forma, não são muito precisas as expressões Espírito feminino e Espírito masculino, que são usadas à falta de outras. A questão é bem mais complexa do que parece à superfície.
Certa vez, perguntei a um amigo espiritual por que difere tanto, na sua  estrutura psíquica, o Espírito encarnado como homem, daquele que se encarna como mulher. O homem é mais agressivo, dado a gestos de coragem física, menos sentimental, ao passo que a mulher inclina-se mais à compassividade, à renúncia, ao recato, sendo, portanto, mais acessível à emoção e aos sentimentos. Por que isso, se, não tendo sexo, os Espíritos deveriam ser semelhantes?
Disse-me ele, coerente com os postulados doutrinários, que como Espíritos conservam características em comum, mas ao se reencarnarem, aceitam condições que lhe facultam desenvolvimento de certa faculdades, em detrimento de outras; ou melhor, optam pelo aprimoramento de alguns aspectos espirituais em que estejam particularmente interessados.
Assim é realmente. Como a perfeição deverá resultar, um dia, do desenvolvimento harmonioso de todas as faculdades possíveis ao ser humano, é natural que este tenha que ir por etapas, cultivando-as em buques, até que, alcançando o ponto desejado, possa encetar outras realizações.
Tentemos, não obstante, ampliar um pouco mais a questão, na esperança de alcançar uma visão mais clara de suas dificuldades. Ao responderem à pergunta formulada por Kardec (Têm sexos os Espíritos?), os instrutores informaram o seguinte:
“Não como o entendeis, pois que os sexos dependem da orga­nização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na con­cordância dos sentimentos.”
Certamente que sentiram, esses instrutores, que não era tempo, ainda, de aprofundar mais a questão, mas disseram o bastante para compreendermos alguns pontos essenciais. De fato, a Doutrina nos ensina, alhures, que o ser encarnado resulta de um “arranjo” entre três componentes distintos: espírito, perispírito e corpo físico. Ao declararem que o sexo depende da organização, deixaram bem en­tendido que a diferenciação sexual não alcança o núcleo da indivi­dualidade, representado pelo Espírito imortal, pois fica contida nos limites extremos da organização perispiritual.
 

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