4.11.14


DECLARAÇÕES DO PAPA SOBRE O “GÊNESIS” E O ESPIRITISMO

“O mesmo sucede com a Gênese, onde é preciso enxergar as grandes verdades morais sob figuras materiais, as quais, tomadas ao pé da letra, seriam tão absurdas, como em nossas fábulas, se tomássemos ao pé da letra as cenas e os diálogos atribuídos aos animais.” – Allan Kardec, em “A Gênese”, cap. XII – Gênese Mosaica.

A imprensa internacional, de maneira resumida, está publicando o que, dias atrás, o Papa Francisco, discursando na Pontifícia Academia de Ciências, disse a respeito da Teoria da Evolução e do Big Bang.
“Deus não agiu como um mago, com uma varinha mágica capaz de criar todas as coisas.”
“A evolução da Natureza não é incompatível com a noção de criação, pois exige a criação de seres que evoluem.”
“A criação do mundo não é obra do caos, mas deriva de um princípio supremo que cria por amor.”
“O homem foi criado com uma característica especial – a liberdade – e recebe a incumbência de proteger a criação, mas quando a liberdade se torna autonomia, destrói a criação e o homem assume o lugar do Criador.”
“Ao cientista, portanto, sobretudo ao cientista cristão, corresponde a atitude de interrogar-se sobre o futuro da Humanidade e da Terra; de construir um mundo humano para todas as pessoas e não para um grupo ou para uma classe de privilegiados.”
Evidentemente que, na oportunidade, o pronunciamento do Papa Francisco deve ter sido mais substancioso, mas, mesmo apresentado em síntese, pela imprensa, não poderia ser mais revolucionário e promissor.
Nas palavras ditas por ele, sem dúvida, ficou implícita a ideia da Reencarnação e da Lei de Ação e Reação, porquanto impossível que a Evolução se explique sem a lógica das vidas sucessivas e do livre arbítrio, através dos quais o homem se constrói.
Não sabemos quanto tempo o atual Pontífice haverá de sobreviver com a sua liderança e lucidez, que representa uma mudança sem precedentes nos rumos da Igreja, com inevitáveis consequências sobre os dogmas seculares em que ela se apoia.
Sabemos que, nos bastidores da Vida física e espiritual, tramas já vêm sendo urdidas para obstá-lo em seus acenos de que os tempos são outros e de que a Igreja precisa mudar – mas não somente a Igreja, e sim as religiões em geral, notadamente àquelas que insistem em continuar apegadas à letra que mata!
Como, por exemplo, a tais declarações, haverão de reagir os Criacionistas, que chegam a dividir os meios acadêmicos nos centros culturais mais avançados do mundo?!
E os judeus que têm feito da Bíblia, notadamente nas páginas do Antigo Testamento, e os muçulmanos, no Corão, pretexto para as suas guerras de caráter racial e pretensão de hegemonia no campo da fé?!
Acreditamos que os próprios cientistas, que, enchendo o peito de empáfia, se declaram ateus, não esperavam esse gesto conciliatório sem precedentes, que, outra vez, aproxima a Religião da Ciência, e vice-versa.
Esse Papa, em verdade, é um espírito diferente, mostrando que Deus possui, em toda parte, inesgotável legião de anônimos servidores da Verdade, que, à semelhança da luz do Sol, de maneira imperceptível, se infiltra em todos os lugares, e, gradativamente, sem que menos se espere, ofusca a visão dos que se habituaram a propagar a escuridão.

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 3 de novembro de 2014

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