15.12.14


A Luta pela Verdade

A verdade há sempre de imperar. Pode demorar para se revelar, mas um dia ela chega inevitavelmente e põe tudo no seu devido lugar.
Há pouco, nesta semana, a Comissão da Verdade sobre os crimes praticados nos tempos da ditadura militar no Brasil entregou seu relatório final à presidência da República.
Vi com muito entusiasmo o restabelecimento da verdade. Ali, naquele relatório, estava contido a verdade escondida, a verdade não revelada. O pior é que no tempo que elas ocorriam parecia que nada estava acontecendo. Era uma hipocrisia total. Gente desaparecendo e não mais se tendo qualquer notícia e o governo instalado, com a maior cara de pau, anunciando que nada tinha a ver com os casos.
Foram tempos difíceis que a memória teima em não apagar. E não deve. Os jovens de hoje precisam ficar sabendo de tudo que aconteceu naquela época para mais tarde evitar que aquilo venha a se repetir.
Fiquemos em alerta com qualquer tipo de golpe, venha de qual lado vier, isto porque muitos que posam de bonzinhos hoje só esperam o momento ideal para poder exercer a sua tirania, é sempre assim.
Todos os governos autoritários da história democrática passaram como guardiões dos interesses do povo e massacravam qualquer opinião contrária, tudo aquilo que fosse de encontro com os "interesses nacionais".
Conheço bem esta história com o que era narrado pela ditadura militar como a segurança nacional. Pela segurança nacional tudo se podia, tudo se devia, estava até acima de Deus, vejam só.
Aos desaparecidos a minha solidariedade irrestrita. Neste ponto a Igreja foi altiva. Mesmo aqueles padres considerados como conservadores viam que havia muita injustiça em jogo. Não se tratava somente de se instalar o não ao comunismo no Brasil, mas do conjunto de atrocidades que se fazia em nome deste perigo iminente. Verdadeira operação policial sem qualquer escrúpulo.
Do lado de cá da vida, vejo muita gente arrependida e outras tantas ainda defendendo os mesmos ideais. O tempo não passa para a maioria delas, devido ao impacto negativo que lhes causaram o golpe militar de 1964 e todas as suas naturais consequências arbitrárias.
Foram pessoas que lutavam por um vida melhor pelo seu País, poderiam até estar equivocadas nos princípios que evocavam, mas não era daquele jeito que se deveria atuar, violência jamais, mas no embate democrático das ideias. O problema é naqueles tempos a paranoia norte-americana e da União Soviética, a chamada "Guerra Fria", contaminava negativamente a tudo e a todos. Para quê? Para dar em nada, pois os dois modelos se mostraram falidos para o enriquecimento de todo o povo e para a melhoria das condições sociais e humanas.
Pois bem, a verdade é que o saldo final é que ninguém saiu ganhando. A radicalização, em momento algum, é fértil. Muitos morreram, outros foram expulsos do País, numa ferocidade enorme. Todos perderam.
Os militares que aqui chegam e foram os responsáveis diretos por estes atos respondem a "tribunais" por aquilo que fizeram. A verdade se dá, nestes ambientes de justiça que não são divinas, de maneira muito crua e cruel, muitas vezes. Inimaginável dizer as penas que muitos recebem depois do julgamento final dos justiceiros dos além.
Bom mesmo é amar, este sim o verdadeiro regime a ser implantado na terra, trazido por Jesus, e que não há de cessar jamais o nosso desejo e a nossa luta de verem presentes no dia a dia das pessoas.
A grande revolução pelo amor aguarda a nossa ação de fé e realização. Ajamos logo, transformemos este País a partir da nossa transformação individual. A maior das revoluções nos espera com ações concretas e destemidas, quais foram daqueles jovens e idealistas dos anos 60, 70 e 80 que presenciei de perto.
Abaixem as armas, acabem de vez com a violência e, em seu lugar, implantemos o reino de Deus proclamado por Jesus há dois mil anos. Engajemo-nos imediatamente como ativistas da revolução pelo amor.

Em paz,
Helder Camara 

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