3.12.14

O PODER E O ESPÍRITO

Questão 275 do Livro dos Espíritos

O poder que um encarnado exerce na Terra não é garantia de que, no mundo espiritual, quando de sua volta, ele conservará a sua condição de mando. A notoriedade entre os encarnados pode ser ilusória, dependendo do modo pelo qual ele comanda seus irmãos. Em muitos casos, os mandatários no mundo das formas podem ser muito inferiores aos que lhes obedecem, quando no mundo dos Espíritos.
Os Espíritos nos dão exemplos disso, nos próprios livros psicografados. Quantas vezes encontramos servos que, depois do túmulo, passam a assistir, por caridade, aos que foram seus senhores? Também pode ocorrer que senhores na Terra continuem senhores no espaço, visto que o comando é moral, e depois do túmulo permanecem dirigindo os que eram seus comandados, por amor à causa do bem. Isso tudo depende da elevação moral das criaturas.
Os pequenos serão elevados e os grandes rebaixados, quando os pequenos assimilam e vivem a mensagem endereçada a eles pelo Cristo. Os grandes líderes têm mais facilidade de errar, devido às suas posições, no entanto, atendendo e escutando a voz do Senhor, poderão se elevar muito, pelas muitas oportunidades de servir que guardam em suas mãos.
O Espírito elevado é qual o diamante: mesmo na lama, não perde seu brilho; é a mesma pedra preciosa. O anjo irradia amor, mesmo em trabalho nos umbrais. Jesus Cristo desceu ao mundo para acender luzes nos corações e deixou milhares de Seus seguidores, no sentido de conservar acesas essas claridades nos corações. À Doutrina dos Espíritos, igualmente, foi dada essa missão de reavivar os valores do Evangelho em todas as nações e em todas as criaturas, para que a Terra se torne um paraíso, onde os Espíritos possam colher o seu plantio de paz e de luz.
Jesus convida a todos os homens, de todas as classes, para reverem os seus feitos e, se for preciso, retificarem suas condutas na conduta d'Ele: se comandados, procurarem cumprir seus deveres na pauta das leis; se senhores, não se esquecerem das suas obrigações morais e não caírem nos momentos de fraqueza, inspirados pelo orgulho e pelo egoísmo.
Todos somos filhos de Deus, com os mesmos direitos e deveres, de acordo com o meio onde fomos chamados a servir. Se o homem está investido do poder e da riqueza do mundo, em prova passageira, para que guardar avaramente o seu ouro? E se amanhã o Senhor chamar a sua alma? O poder do dinheiro deve circular, como as águas e o vento, em favor de todos.
Se o homem veio à Terra para ser comandado, em posição difícil como serviçal, não deve se revoltar contra os que dirigirem; é preciso que se arme de humildade para vencer a prova. Para que ajuntar nos celeiros da consciência, o ódio, a inveja, a violência, a maldade, se amanhã o Senhor poderá chamar a sua alma? Levará ele para o além-túmulo tudo o que ajuntou nesse sentido. O rico deixa no mundo a riqueza e o poder, mas carregará esses fardos de inferioridades por onde for. E eles pesam na consciência fazendo o coração se cansar na arritmia da ignorância.
A supremacia que se tem no mundo dos Espíritos é aquela enraizada no amor universal, de modo que a caridade ilumine as consciências. Os pequenos podem ser elevados no mundo dos Espíritos e os grandes rebaixados, mas lembremo-nos: pode acontecer o contrário. Depende do modo pelo qual o coração oriente a vida.
 

Livro: Filosofia Espírita - João Nunens Maia  - Miramez

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