15.1.15

NATUREZA DAS RELAÇÕES

Questão 280 do Livro dos Espíritos

Nas relações entre bons e maus Espíritos, os bons cuidam de ensinar aos maus a prática das virtudes, e esse ensino se processa de várias maneiras, desde a palavra à vivência. Os fatos que a vida pode contar são numerosos.
Há classes de Espíritos que não têm a capacidade de averiguar sua própria vida, corrigindo o que não entra em conexão com o Evangelho. Por vezes, escutam a Boa Nova do reino de Deus e vêem coisas maravilhosas, porém, não entendem suficientemente para fazer uma análise mais profunda, retificando sua conduta.
A natureza do Espírito bom por si só já marca a sua felicidade interna; esse é o seu prêmio que o seu esforço próprio ajudou a conquistar, nas marcas do tempo, com a presença de Deus em seu coração.
A inquietação e o despeito dos maus é a inferioridade que lhes faz padecer. Mesmo que, porventura, fossem levados a planos superiores, continuariam no inferno interno que eles mesmos construíram e alimentaram. A conscientização de uma alma depende, principalmente, de tempo, onde agem as leis de Deus.
O que se fala sobre os Espíritos, sobre a vida mais livre na erraticidade ainda é pouco, no que se refere ao que tem para ser dito. As notícias não são dadas ao bel prazer do comunicante; elas são filtradas pelos ministros de Deus, capazes de levar às almas somente aquilo que elas podem suportar. Existem muitas criaturas ansiosas por revelações, mas que se esquecem de cuidar de pequenos pontos no que tange à sua moral. Se o alimento em demasia faz mal ao corpo, muito mais o alimento espiritual sem parcimônia.
Deus é todo equilíbrio, e a criação está assentada nesse equilíbrio divino, pois, em toda parte canta a harmonia. Não temos liberdade de falar pelas vias mediúnicas o que queremos. Aquele que deseja falar e por vezes fala o que quer, sempre acaba falando impropriedades e cai no ridículo. A mentira dura pouco; somente a verdade fica de pé.
Não queiramos ultrapassar o que não temos direito, por lei de evolução. O progresso é cheio de luzes, como o trânsito nas nossas cidades. É pela cor que se manifesta que sabemos se podemos avançar. Quem avança o sinal está sujeito às corrigendas. Os bons Espíritos se ocupam em combater as más tendências dos inferiores, sem violência. Eles se apresentam como pais que extravasam carinho e amor, sem faltar a energia quando necessária. Cumpre notar que em todos os lugares, em todas as épocas sempre existiram Espíritos elevados dando lições pela palavra, pelo exemplo e, muitas vezes, pelo trabalho que realizavam. Eles sempre apreciam os feitos dos companheiros, em silêncio, para notar o que deve .ser feito em favor dos que não respeitam determinadas leis da sociedade e da própria vida.
Podemos observar quantos homens nascem e vivem na pobreza, lutando com muitas dificuldades, mas que marcam a sua vida com a beleza da honestidade, da honra, e mesmo da alegria nas dificuldades. Essas almas representam uma lição viva de virtudes no silêncio. Quase sempre, no seio familiar, há um desses virtuosos, que é o Evangelho aberto e lido em voz alta, a voz da vivência para todos.
 

Livro: Filosofia Espírita - João Nunes Maia - Miramez

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