25.2.15

ENCONTROS

Questão 286 do Livro dos Espíritos

A alma, quando desencarna, tem muitas surpresas no além, porque nem sempre, logo ao seu desenlace, pode encontrar seus parentes e amigos que a precederam nessa viagem comum a todos os seres.
Quase todos os Espíritos que passam para o lado de cá perdem os sentidos no momento do desprendimento do fardo, já gasto e cansado, e quando levados para casas de recuperação, ali permanecem até sentir a si mesmos como realidade, acostumando-se à vida que há tempos deixaram de viver.
Há Espíritos que imediatamente ficam conscientes do seu estado espiritual, abraçando aos que o cercam com emoções que lhes restauram o equilíbrio. Muito poucos no mundo não perdem a consciência no momento da chamada morte. Outros, não obstante, voltam da carne sem perceber o transe em que se encontram. A variação nesse sentido é de zero ao infinito.
Tudo, como já dissemos, é relativo, de acordo com a evolução da criatura. Os Espíritos muito ligados às paixões terrenas e aos bens materiais, em cujo mundo interno prolifera a maldade, o ciúme e ódio, ficam apegados aos seus despojos por tempo indeterminado. Desse tipo, encontramos multidão, por lhes faltar a fé, o amor e a caridade.
A bondade de Deus é muito maior do que se pensa. Para o auxílio aos nossos companheiros que morrem e continuam mortos, existem mutirões e mais mutirões de Espíritos adestrados nas colônias espirituais, encarregados de dar assistência compatível com os Espíritos, nos quais a inconsciência da vida domina os sentimentos, trabalhando sempre por ordem de Deus, usando os canais do Cristo.
Tratando-se do Espírito mediano, do servidor comum, ele precisa de um tempo para o refazimento da grande viagem, e às vezes é levado para residência particular dos seus próprios parentes que o precederam, e que plantaram com o trabalho e transformações internas o que têm para dar aos que igualmente merecem. Por isso os que já sabem dessas verdades não devem ficar na omissão sobre o que já compreendem dos deveres espirituais. Os que puderem fazer a mais, no campo das melhorias do coração, não devem deixar para amanhã. O hoje é o melhor momento de aproveitamento das oportunidades.
O Espírito, quando se encontra consciente da verdade, que tem confiança na vida que continua no fulgor das luzes eternas, que lembra e aceita o maior fenômeno de todos os tempos, que afirma que a vida prossegue depois do túmulo - a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo - sente uma paz interna em todas as provações, sente um clima de harmonia em todos os transes por que passa, e mesmo na hora suprema de deixar um dos corpos que Deus lhe deu, o seu amor a tudo e a todos lhe traz uma paz imperturbável no coração. E é a esperança viva de regressar à pátria verdadeira e definitiva daquele que venceu a si mesmo, que nos mostra a sua evolução espiritual.
Recomendamos aos irmãos em crença que, se já leram as obras básicas do Espiritismo, que tornem a ler, porque nas entrelinhas, encontrarão tudo o que buscam, na ansiedade de novas revelações.
Se o homem quer encontrar seus parentes, amigos e companheiros que já retornaram à pátria espiritual em boa situação íntima, deve fazer por merecer, preparando-se para a viagem, porque o viajante inteligente sabe arrumar as malas com tudo o de que precisa para as suas andanças. Se quer, ao retornar à erraticidade, ajudar logo aos mais caros que se encontram nas sombras, que comece também a se preparar, para que não tenha grandes surpresas. E que Jesus abençoe sempre seus esforços para melhorar-se.
 

Livro: Filosofia Espírita - João Nunes Maia - Miramez

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