24.3.15

Ordem e Progresso

Triste realidade a nossa. Um País rico e soberano, cheio de potencialidades, humanas e naturais, e vive quase a bancarrota.
A economia está fragilizada. A política endemonizada pelo espectro tenebroso da corrupção. A gente trabalhadora colocada à própria sorte no acelerar do desemprego. Tudo por fazer.
Não podemos, no entanto, ficar a lamuriar. Somente os de má sorte ou os acomodados ficam a reclamar sem agir. Nós, mesmo no lado de cá da vida, nos movimentamos para tentar tirar da inércia esta grande nação que está em paralisia depressiva em função dos desmandos cometidos em todas as esferas de poder.
Encontrar apenas os culpados neste instante é perda de tempo. Detectar, no entanto, as causas deste infortúnio e agir na direção do bem são propósitos a serem perseguidos por todos, independentemente de onde atualmente mourejem.
O Estado brasileiro é forte por natureza. Nossa gigantesca estrutura proporciona musculatura para assimilar diversos revezes – e de tal monta como este que enfrenta -, mas não se pode abusar porque mesmo o maior dos metais possui o seu limite de resistência.
O que pensamos deste lado da vida é que há homens propensos a mudar este estado de coisas, mas os remédios serão amargos para a maioria da população. O preço será alto, mas tudo se revigorará. Há, porém, que saber: e depois, tudo vai continuar do jeito que está?
Admite-se até tomar o remédio amargo, mesmo não sendo o causador da dor, conquanto que depois tudo se restabeleça ao normal e em bases sólidas e saudáveis.
Não é o que me parece que está por acontecer.
Este medicamento está baseado na grande tolerância do organismo social. Todos estão dispostos a “apertar os cintos”, mas estabelecem um prazo de vigência para suportá-lo.
As manifestações do último domingo (15/03/2015) representam este estado de insatisfação popular, mas deve também significar a aglutinação de energia para a mudança desejada.
Aqueles que usufruem o poder descaradamente não têm vontade de modificar o status quo. Já vimos isto em diversas ocasiões. Basta lembrar a queda da Bastilha, que não foi outra a razão senão a ilusão de que o levante jamais ocorreria. Tudo tem um limite e a paciência popular começa a se esgotar.
Até o momento não foram tocadas nas feridas fundamentais, então tudo continuará como está e o teatro ganhará novo ato.
Os brasileiros precisam se indignar, exigir mudanças, pautar o que querem e o que não desejam ver mais na cena da política brasileira. É difícil, mas é possível fazer.
Os levantes sairão de toda parte quando o povo presentir que nada tem mais jeito a não ser uma reforma radical. A atual situação beira este universo de insatisfação e raiva, o que é preocupante.
Alheio a tudo isso, vivendo como num mundo de ficção, o aparato governamental prossegue no seu reino à parte enquanto ferve nas ruas o ódio, o que não é aconselhável qualquer que seja o contexto.
Tememos pelo pior, mas agimos no bem. Alteramos discursos inflamáveis, desvirtuamos mentes empedernidas, resolvemos pendências criminosas, desarmamos, em última instância, os espíritos.
Até quando o povo ira suportar e nós possamos melhorar o que aí está, não sabemos, mas a ordem se manterá.
Busquemos o entendimento à luz da razão.
Deixemos de lado as diferenças, pois que não é hora de estimulá-las.
Enveredemos para o caminho da concórdia, apesar dos impedimentos.
Sejamos leais aos ditames da bandeira flamulante: ordem e progresso.
Ordem para modificar o que deve ser transformado sem o agitar das almas.
Progresso para remediar o pessimismo e a loucura coletiva por emprego e renda.
Que estes vetores republicanos sirvam-nos de orientação neste momento de confusão das ideias e de choque institucional.
O Brasil haverá de vencer porque o seu povo se unirá para continuar a ser uma nação livre e feliz.
Um abraço,
Joaquim Nabuco por intermédio de Carlos Pereira.

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