22.8.15

DESUNIR, NÃO; SEPARAR, SIM!

Realmente, não temos, como, aliás, nunca tivemos o propósito de, em hipótese alguma, incentivar a desunião em nossas fileiras doutrinárias – contudo, se não nos move a intenção de estabelecer conflitos, não nos omitimos, quanto não nos omitiremos, sob qualquer pretexto, no que diz respeito ao testemunho da Verdade, ensejando, a partir de nossa própria gleba interior, a difícil separação do joio e do trigo.
Lamentamos, profundamente, os que, neste sentido, não concordam com o nosso modo de ser e de pensar, continuando, não obstante, a evocar para nós o direito de ser o que somos, arcando, claro, com os evidentes mal entendidos – que, para nós, prejuízos não são! – da clara posição que, perante os nossos postulados, escolhemos adotar.
Para mim, chega de condescender com o erro e a mentira, com os quais – acredito – todos nós já condescendemos excessivamente em existências pregressas.
De minha parte, portanto – eis que repito à saciedade –, não estabelecerei conchavos doutrinários, objetivando a mais ampla aceitação do possível conteúdo de nossas obras de natureza mediúnica.
De há muito, felizmente, não mais estamos a disputar aplausos e encômios, ainda tão a gosto daqueles que estimam desfrutar dos prestígios mundanos.
Em nome de uma pretexta caridade não me calarei, e nem recuarei, porquanto, para espíritos do meu entendimento, não há caridade maior do que ser sincero e transparente na defesa dos Princípios que nos conferem paz à consciência.
Impossível servir-se a Deus e César!
O Cristo nos conclama ao “sim, sim; não, não”!
Que os nossos detratores dos Dois Lados da Vida, saibam que, Dos Dois Lados da Vida, não haveremos, com a graça de Deus, de repetir os equívocos que cometemos quando, com o intuito de agradar aos poderosos, terminamos por assumir grave responsabilidade na deturpação do Cristianismo.
Por minha culpa, não acontecerá ao Espiritismo o que ao Cristianismo fizemos acontecer.
Se, infelizmente, valorosos companheiros de Ideal, notadamente no corpo carnal, estimam a política rasteira de bastidores, em mil tramas levianas e irresponsáveis, disputando um pretenso poder, que, em Espiritismo, não existe, tomamos a liberdade de alertá-los de que, muito breve, serão exortados a prestar contas de suas ações e... intenções! Ainda hoje, ou amanhã, a desencarnação haverá de submetê-los ao confronto consigo mesmos, perante o qual nada – e ninguém! – poderá valê-los!
Se os nossos escritos mediúnicos, aqui e alhures, estão a incomodá-los, rasguem-nos! Atirem-nos à primeira lata de lixo que lhes estiver ao alcance das mãos, porque não escreverei uma só linha que necessite de negociar com os interesses desse ou daquele grupo!...
Aqui, estando neste momento, na cidade do Porto, em Portugal, ao lado de tantos amigos do Mais Além, preocupados com os rumos do Espiritismo no Brasil e em Portugal, não mais desejando cansá-los com a minha arenga de espírito tão sofredor quanto o mais sofredor de qualquer um de vocês, ocorre-me repetir o derradeiro verso do notável Poeta que, de maneira estóica, lutou contra a escravidão, Castro Alves, em seu imortal “Navio Negreiro”:

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! Da etérea plaga,
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! Arranca esse pendão dos ares!
Colombo! Fecha as portas dos teus mares!

Levantai-vos, pois, heróis do livre pensar!
Não vos deixeis subornar pelos lobos em pele de ovelhas, aos quais, com incisivas palavras, Jesus repreendeu:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais e nem deixais entrar aos que estão entrando.”

INÁCIO FERREIRA

Porto, Portugal, 20 de agosto de 2015.

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