9.8.15

Perigo à Vista

O Brasil vive dias difíceis. De todos os lados, as críticas, o desarranjo institucional, a quebraria na economia, o desemprego que aumenta, a inflação que sobe, e, o pior de tudo, a desesperança do povo que cresce.
Neste quadro desolador, precisamos ter paciência, mas também coragem para enfrentá-los.
Tudo exige temperança, calma, mas seriedade de propósitos para avançarmos em direção às mudanças desejadas.
De um lado, vemos um governo fraco, débil, sem saber para onde ir. De outro, a população a espera de uma ação enérgica que promova a tranquilidade de todos.
Diante deste quadro gravíssimo, temos que verificar o que está sob o perigo dos unguantes pensamentos vigentes.
Somos todos responsáveis pelas questões que estão aí, mesmo que a causa delas tenha vindo do poder constituído, afinal de contas, continuaremos a viver na mesma república, no mesmo país, portanto, as saídas se fazem urgentes em serem devidamente construídas.
O aparato governamental não sabe o que fazer. Enquanto isso, as alternativas de um consenso nacional em torno de propostas balizadoras de uma nova frente de governo se agigantam nos bastidores do poder.
Ninguém sabe ao certo para onde ir. Se houvesse, ao menos, homens confiáveis que se pudessem depositar a esperança do reequilíbrio da política nacional, mas nem isso há. Os poucos que assim se enxergam são colocados de lado no balanço das opções porque são classificados como sonhadores, haja vista que a prática política é rasteira e objetiva: cada um que cuide de seus interesses próprios e o povo, em consequência, que se beneficie das migalhas.
Retrato fiel disto são as notícias de corrupção que não param de chegar por todos os lados e ainda está longe por finalizar. Este cancro que se instalou no nosso País possui o seu lado saneador, porém a demora até se instalar uma nova ordem de coisas será grande, inevitavelmente.
O que está escondido, meus senhores, e que poucos veem, é o estrangulamento de um modelo de se fazer política, mas que terá profunda resistência na sua abolição, porque é demais imaginar que os atuais protagonistas se inclinem em quebrar paradigmas e produzam uma mudança completa do modelo existente. Quem sabe uma nova constituinte exclusivamente para adotar o novo modelo político que o País reclama? É uma saída para um acordo possível.
Como de outras tantas vezes, pode-se buscar no Parlamentarismo uma saída momentânea, com prazo certo, até que a situação se normalize. Garante-se, por enquanto, o poder de Estado para a atual presidente e depois das novas eleições se construa novamente o Presidencialismo.
Há um perigo iminente, meus senhores, o perigo da desorganização civil. Ninguém dá mais crédito ao atual governo que somente se estabelece pela força legal – nisto ninguém contesta, no entanto, deve se encarar que governo sem autoridade não é governo.
O momento é grave porque o povo pode, na ilusão de tudo melhorar, dar ouvidos a velhos argumentos de militarização ou de aparecer algum oportunista de plantão que se incumba, por poderes própios por ele designado, como verdadeiro salvador da pátria. Perde-se de todo jeito.
Com a economia cambaleante, com o poder central destituído de autoridade, os riscos de cortes institucionais abruptos são grandes, porque a paciência tem prazo certo à mesa de quem nada tem e dos produtores de riqueza que veem escorregar das suas mãos os seus investimentos.
O momento é mais grave ainda, senhores, porque forças antagônicas ao bem, como já me referi anteriormente, aproveitam a desarmonia instalada para, à espreita, solapar os desejos de organização do bem e da ordem geral.
Jogarão irmãos contra irmãos. Verão, como se diz, ao circo pegar fogo e rirão daqueles que acreditam como eu que o nosso país possui a tendência de ser um exemplo vivo da implantação do Evangelho de Jesus na sociedade.
Políticos de várias frentes, da história recente do Brasil, estão a postos, eles não baixam a guarda quando o interesse geral do povo brasileiro está em jogo.
Vejo Tancredo Neves coordenando uma facção deles em prol de uma solução pacificadora e conciliadora. Na mesma direção, o grande Ulysses Guimarães conversa com setores do governo instalado, no plano espiritual, para que eles não alimentem, durante a vigília, planos megalomaníacos de preservação do poder a todo custo.
Nos bastidores da política material trabalham incessantemente aqueles que sempre tiveram compromisso com o Brasil, independentemente de colorações partidárias que todos eles sabem que foram momentâneas no passado, mas que hoje há um partido maior a se defender: a conciliação para se ter um País que volte para o caminho da sua normalidade democrática e econômica.
Tudo estará bem num futuro próximo. Assim desejamos e trabalhamos, mas não será sem luta, sem a partipação equilibrada de todos, nos dois planos da vida.
Estejamos juntos e unidos pelo nosso grande e glorioso Brasil.

Joaquim Nabuco

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