5.10.15

A Regra Máxima

A paz é instrumento divino para unir as criaturas. Foi Deus que quis que nos tornássemos um com Ele, mas para podermos alcançar este objetivo deveríamos nos amar intensamente, este é o caminho.
Dentre tantos que aceitaram o desafio divino de servir sem segundas intenções a não ser o de ver a felicidade do próximo está Francisco de Assis.
O Santo de Assis se fez Jesus entre nós. Se impôs seguir à risca o Evangelho de Nosso Senhor e que belo exemplo deu. Legou-nos, por conta disso, um desafio enorme: segui-lo igualmente.
Jesus serviu a todos sem demora, deu o melhor de si, não fazia concessões quando o objetivo era ajudar ao próximo, Francisco de Assis fez o mesmo. Com isso nos disse, em outras palavras, que poderíamos cumprir os mandamentos divinos trazidos por Jesus.
Este desafio consiste em amar, amar a todos.
Como expressar este amor ao outro senão por intermédio de obras, do exemplo, da prática evangélica?
A prática do amor nos impõe mudar de postura diante da vida porque em vez de privilegiarmos a nós mesmos devemos olhar a necessidade de nosso irmão de caminho. O que ele quis dizer é que deveríamos sepultar o egoísmo dando passagem a caridade irrestrita.
Pensar no outro, agir para o outro, sofrer a dor do outro exige determinação, pois muitas vezes somos tentados a fraquejar, mas quando penso o que Jesus fez por todos nós então creio que nossas forças devem se redobrar.
Francisco de Assis fez-se exemplo e naturalmente sofreu com isso. No instante que desafiou a Igreja para ser diferente chocou o que era praticado com a palavra de Deus. Chamou para si a mudança que a Igreja necessitava implementar. A reconstrução da Igreja de São Damião foi apenas o início da verdadeira transformação que ele trazia no seu coração. Primeiro, reconstruiu a parte física para descobrir que ela é absolutamente secundária se desejamos, de fato, seguir a Jesus. A reconstrução imaginada e pregada pelo Nosso Senhor é de ordem interior.
Ora, meus amigos, quantos de nós ajudamos as casas e esquecemos das causas. É uma tendência normal dos homens ver coisas por fora para poder valorizá-las, mas o que importa, no plano do Senhor, é a obra que fazemos no espírito.
Francisco de Assis percebeu esta lógica desde cedo e pode, no curto espaço que teve de seu apostolado, colocar em prática a regra máxima. Infelizmente, não foi entendido nem pelos seus. Isto acontece porque os homens ao verem que não podem alcançar de imediato aos céus passam a se contentar com as migalhas da evolução.
Ora, não foi o Nosso Senhor que nos deixou o desafio da construção do reino de Deus entre nós? Não foi Ele que nos disse que poderíamos ir até mais adiante do que Ele?
Ao diminuir a proposta que Jesus foi portador estamos, na realidade, trazendo o desafio da regra máxima para a nossa zona de conforto e isto não é possível de se aceitar.
Dizem que somente os santos é que possuem a capacidade de receber desafios extremos. Pode ser que eles apenas disseram para si mesmos: vamos ver até onde eu posso ir.
A regra máxima trazida por Jesus é perfeitamente passível de realização. Claro que a conquistaremos pouco a pouco, mas haveremos de chegar lá como chegou o pobre de Assis.
Sejamos, todos nós, obedientes da regra máxima e não percamos tempo de colocá-la em prática nas nossas vidas.
É possível sim apender a amar, eis o que nos ensinou o Nosso Senhor.

Helder Camara

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