Aquele que deseja servir a
Jesus deve primeiramente saber que servir a Ele é despojar-se de tudo que possui
e se entregar totalmente à Sua vontade.
Ele disse claramente, sem
rodeios algum, que quem quisesse segui-lo deveria deixar tudo para trás,
inclusive família e dinheiro.
Estas palavras devem servir
para toda a gente que abraça de verdade a causa do Nazareno. Desde o mais
simples dos seguidores aos maiores da Igreja pelas suas
responsabilidades.
Ora, convenhamos, os
representantes da Igreja que abraçam Jesus, em especial, devem fazer o máximo
para zelar por esta ordem. Eu disse o máximo.
Não é possível admitir que
um representante eclesiástico, que vive com a batina oficial de lá para cá, que
é a voz da Igreja numa determinada região, que possui até títulos maiores, dê o
mau exemplo.
Foi com esta prerrogativa
que Francisco de Assis, num ato corajoso e fiel às palavras de Jesus,
despojou-se da família tradicional e da riqueza que possuía para entregar-se de
corpo e alma à causa de Jesus.
Que belo exemplo de
coerência dado pelo pobrezinho da Assis.
Ele sabia muito bem, como
Jesus, que os prazeres do corpo nos levam a distanciar dos prazeres da alma. Não
que sejam incompatíveis, mas a tendência é supervalorizar um e esquecer o
outro.
O espaço que me sirvo aqui
neste blog semanalmente tem sido o repositório das minhas reflexões do lado de
cá da vida e, nesta perspectiva, vejo com mais clareza ainda o quanto a riqueza
pode desviar o bom cristão de seu caminho inicial.
Por não saber lidar direito
ainda com o dinheiro, muitos homens se perdem na trajetória de vida oferecida
pelo Cristo.
As aparências, a vaidade, o
orgulho nas suas mais diversas formas se configuram em armadilha traiçoeira para
muitos que desejam representar a Jesus.
Minha opção em vida pelos
pobres como preferência no pastorado seguiu a um exame profundo de consciência
quando me deparava com os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus
Cristo.
Figuras como Francisco de
Assis e Vicente de Paulo, por exemplo, foram muito fortes para a decisão que
tomei. Mirei-me neles e vi que se desejasse, de fato, ficar com o Cristo seria
incompatível fazê-lo possuindo posses e ostentação.
Foi, porém, o Cristo o
maior exemplo de despojamento que tive.
Neste contexto, vejo que o
mal secular da Igreja que abracei continua perene como
sempre.
A dúvida do Papa Francisco,
neste momento em que são descobertas contas que privilegiam o luxo e o conforto
de cardeais e bispos, não é de colocar voga as determinações que deu, mas é
saber, no fundo, se nossos colegas de batina, efetivamente, conhecem o
pensamento de Jesus.
Como é chegar aonde
chegaram na hierarquia católica e manterem os mesmos privilégios de antes
capturados dos tempos de nobreza?
Quem segue a Jesus deve
morrer para o mundo exterior e buscar no mundo interno todas as suas
convicções.
Viver de maneira nababesca
é contrariar princípios básicos de simplicidade que Jesus nos
ensinou.
Pior, meus irmãos, é saber
que esta dinheirama vem de recursos que seriam destinados aos mais pobres da
Igreja.
Fico estupefato com a falta
de sensibilidade de muitos que usam o crucifixo de Jesus no pescoço, mas o
possui distante da sua cabeça e principalmente de seu
coração.
A Igreja vai mudar, ela
precisa mudar, para poder ser consentânea com as necessidades da sua época que,
entre outras coisas, não tolera mais a ausência de coerência. Este é um dos
motivos que faz com que haja certo descrédito da comunidade e que o nosso
querido Papa Francisco vem tentando mudar esta imagem, sendo ele mesmo o espelho
destas mudanças.
Não me venham, por favor,
me acusar novamente de bispo vermelho. O que não se pode admitir é que tenhamos
um comportamento torpe, profundamente difuso das palavras genuínas daquele que
dizemos seguir.
Se no passado, por desaviso
e despreparo de muitos, nos desviamos do caminho reto, hoje não temos mais
argumentos ou desculpas para fazer o mesmo.
A Igreja deve procurar
expressar o máximo possível os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus
Cristo.
Se queremos realmente
segui-lo, então abracemos a sua cruz e nos postemos a carregá-la com consciência
e alegria.
Despeço-me, fazendo um
apelo ao Cristo para que estes nossos irmãos que ainda teimam em procurar-Te de
forma enviesada possam ser despertados de sua letargia consciencial e abraçarem
de verdade a Tua santa e divina causa.
Que Deus nos
abençoe!
Helder
Camara
Nenhum comentário:
Postar um comentário