1.11.15

Os Mortos Vivem

A felicidade depois da morte consistirá, sobretudo, na perda das aspirações que nada poderia satisfazer. Aos seres superiores, o homem deve parecer de fato, terrivelmente exagerado, com sua noção de infinito, de absoluto, de eterno, que ele aplica a tudo que concerne à outra vida.

Os mortos vivem!
Qual face vejo hoje no espelho? Não é outra senão aquela que via na terra. A mesmíssima face, sem tirar nem por. O que mudamos tão somente, no lado de cá da vida, é apenas o conceito de vida. Não ficamos mais com as necessidades típicas que o corpo físico exige. A esfera do pensar é outra e do agir consequentemente. Minha cabeça, minhas inclinações, tudo que era meu continua do mesmo jeito, o que altera é a forma de pensar a vida, pois a vemos mais plenamente sob o olhar do espírito imortal.
Não quero afirmar que não haja diferenças, claro que elas existem e são muitas, mas no patamar evolutivo que estamos elas se mostram mínimas, porque o homem não se torna outro simplesmente porque perdeu o corpo físico.
Suas vestimentas são as mesmas. Seus gostos são os mesmos. Suas preocupações são as mesmas, acrescidas por aquelas que aprendemos como fundamentais para a eternidade do espírito.
“A cada um segundo as suas obras”, afirmava o mestre Jesus de Nazaré. E é, portanto, desta forma que devemos nos ver depois da existência física. O que fazemos agora repercute no mundo de cá. Semeamos exatamente o que plantamos. Não há outra regra.
Os que pensam que ao morrer desapareceremos enganam-se grandemente. Por que relutar diante dos fatos que nos dizem, sobretudo a nova ciência, de que há mais no homem daquilo que conhecemos. O relato de muitos já nos presenteia com a possibilidade concreta da imortalidade, então não percamos tempo em aprender sobre este novo mundo, sobre esta nova maneira de viver a vida.
Os mortos guardam hoje novas necessidades daquelas que possuíam quando estavam no corpo físico. O movimento que se tem é de preparação para um novo embarque na dimensão carnal. Se vai, igualmente, esquecer dos queixumes materiais que irá encontrar ou das provas que se vai enfrentar. A altivez espiritual deve falar mais alto diante dos novos desafios a chegar. A estirpe divina deve se mostrar em toda a sua plenitude. O nosso apego à imortalidade deve ser maior do que a nossa mísera noção de finitude.
No dia considerado para a homenagem aos mortos devemos crer e reafirmar o nosso compromisso divino e superar todas as adversidades possíveis do caminho.
Não morri e tento me expressar nestas linhas. Compreendam o quão difícil é para mim – e para tantos outros espíritos – realizar este intercâmbio. São muitas as nuanças a serem superadas. Tenho que me conformar com o que é possível fazer e nos limites que me são impostos. O que fazer?
Deixo a todos, mais uma vez, o meu depoimento de fé e esperança. De amor e veneração ao mais alto dos homens, aquele que se rebelou à morte, que saiu da catacumba, mostrando-nos definitivamente que a vida vence a morte. O meu agradecimento ao mestre da vida, Jesus de Nazaré.
À vida, irmãos, à vida!

Joaquim Nabuco

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