24.11.15

TERRORISMO EM PARIS

Os atos terroristas cometidos na pátria de Allan Kardec, no último dia 13, deixando dezenas de mortos e feridos, não devem, evidentemente, serem analisados superficialmente.
Qual lhes seria a causa?! Simples questão de extremismo religioso?! Não! Sinceramente, não cremos que seja a religião a motivadora da violência que, infelizmente, parece vir tomando conta do mundo. A religião, ao longo da História, vem sendo utilizada pelo homem como pretexto para a sua falta de espiritualidade, a se exteriorizar nas mais diversas formas de atentado da Humanidade contra si mesma.
No recente atentado em Paris, centralizado numa casa de shows, mais de uma centena de pessoas, que lá, despreocupadamente, se encontravam, vieram a desencarnar – de fato, o disparo das armas automáticas e o som das bombas puderam ser ouvidos a quilômetros de distância, ganhando, de imediato, espaço na mídia internacional.
A verdade, porém, é que no Brasil, por exemplo, todos os dias, silenciosamente, crimes semelhantes são cometidos, com centenas e centenas de vítimas, sem que sequer a Imprensa local abra manchetes para denunciá-los de maneira conveniente.
Sim, aqui também, na tão propalada Pátria do Evangelho, os terroristas, que não são muçulmanos, mas, por vezes, bons cristãos, agem em prejuízo de uma geração, ou duas, ou mais, praticando atos de corrupção que negam ao espírito reencarnado as oportunidades de elevação de que ele carece e, ao tomar o corpo, encontrava-se esperançoso.
Crianças crescendo nas ruas...
Jovens dominados pelas drogas...
Adultos desempregados...
Idosos sobrevivendo sem dignidade...
Os piores terroristas, nem sempre, são aqueles que se apresentam de turbante na cabeça – muitos deles vestem terno e gravata, confeccionados pelos estilistas de maior renome, e andam de carros importados.
A opinião pública é passional – comove-se ante um massacre cometido em uma só noite fria, mas ignora dezenas de outros, praticados, diuturnamente, à luz do Sol mais abrasador!
Claro que não estamos a justificar o que houve no Bataclan, em Paris, que é o desdobrar do que houve no World Trade Center, em Nova York, e, talvez, venha a ser o desdobrar do que pode vir ocorrer em outras capitais do mundo.
Qualquer forma de violência, por menor seja, precisa ser imediatamente coibida, à semelhança do combate que se dispensa a uma célula cancerígena no organismo – no entanto, mais que lhe combater os efeitos, é indispensável que se lhe estude as causas e, sobretudo, tenha-se coragem de admiti-las.
O que, recentemente, aconteceu em Paris, além de uma ação policial presta, está a merecer uma análise sociológica em profundidade – análise que, a nosso ver, irá culminar com a constatação da grande miséria espiritual em que a Humanidade vem escolhendo viver.
A culpa, uma vez mais, não pode recair sobre o Criador, mas, sim, sobre a criatura, porque a fé que se aponta por réu nesse processo não é mais do que vítima.
Um jovem pai francês, de descendência asiática, emocionou o mundo ao explicar ao filho pequeno que, se os terroristas, que são homens maus, possuem armas, nós, com a finalidade de enfrentá-los, possuímos flores...
Sim, concordo. Possuímos flores, que são sempre mais eficazes que quaisquer armas, no entanto, está nos faltando bondade! – mas bondade que, não se limitando a simples retórica, se demonstre na prática, com o homem verdadeiramente considerando o outro na condição de irmão.
Até lá, sem rodeios, eu vou dizer a vocês: os homens prosseguirão enganando a si mesmos, improvisando, com velas, flores e cartazes, monumentos públicos em homenagem a dezenas e dezenas de vivos-mortos, esquecidos do cinturão de miséria constituído pelos milhares e milhares de mortos-vivos, que se formou ao redor de suas luzentes e belas capitais!...
INÁCIO FERREIRA - Blog: Mediunidade na internet

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