31.1.16

Aristocracia Moral

Há muito tempo, tive a oportunidade de assumir a cátedra de uma escola filosófica no lado de cá da vida. Possuía as minhas limitações de conhecimento e fiz-me apenas portador do que aprendera sobre o assunto. Esforcei-me em tentar traduzir o que sabia coligado ao ensinamento dos espíritos superiores. Era isso o que eles desejavam que eu fizesse.
Pois bem, enumerei uma série de fatos que demonstra a imortalidade depois da vida física e porque estamos nesta roda de idas e voltas no corpo físico.
O pensamento filosófico, como sabe, permite ilações que provocam o juízo humano para sair das esferas de pensamento corrente. Se assim não fosse seria extremamente desnecessário filosofar.
Minha vez de conjecturar dizia respeito ao governo dos cidadãos na terra.
O que via por aqui era algo totalmente diferente do que já conhecera. Primeiramente, não há o que tanto pregamos quando estamos no corpo, não há espaço para democracia. Isso mesmo. Pode chocar a muitos, mas definitivamente este não é o modo como eles encaram o governo por aqui. Damos opiniões, somos ouvidos, nos consideram, mas a decisão final vem sempre lá de cima. O que se pratica por aqui é uma espécie de aristocracia, o governo dos melhores.
Os mais capacitados, os mais cultos, os mais preparados para a governança, os mais hábeis, os mais desenvolvidos moralmente, são convocados por instâncias superiores para dar a sua contribuição a um conjunto de pessoas num determinado lugar. E ninguém contesta, é tudo aceito com absoluta passividade e todos gostam.
Alguém poderia exclamar: impossível, isto é um retrocesso. Não é, meus senhores, é uma aristocracia moral, o governo dos bons.
O eleito, ou melhor, o escolhido para governar uma cidade por exemplo, possui todos os requisitos possíveis para estar naquela posição e os outros facilmente compreendem ou percebem esta qualidade superior. E, ao contrário, de se sentirem menores, são agradecidos, porque a governabilidade estará garantida sem prejuízo de andamento do que havia em desenvolvimento.
Os espíritos escolhidos para liderarem contingentes mais numerosos de pessoas possuem qualidades “natas” para exercer o cargo. Respeita a todos, ouve a todos, responde a todos, interage com todos. É um líder na melhor expressão da palavra.
Mas isto é possível aí, Joaquim, por aqui, está muito distante.
Concordo com a assertiva, mas o que impede que se possa escolher com mais acuidade os vossos representantes?
Por que eles não passam por um exame apurado de suas possíveis qualidades?
O que impede dele ser antecipadamente treinado para o cargo?
Por que ele não assume gradativamente responsabilidades de acordo com seu nível de competência?
Por que não existe uma espécie de conselho dos nobres da sociedade que atestem a qualidade daquele candidato a governante?
Sei que o que tem aí, com raras exceções, é produto da escolha do povo, mas o processo em si, na maioria das vezes, é completamente viciado.
Aproveite as eleições municipais para exercitarem este poder de escolha e começar a separar o joio do trigo, os melhores dos incapazes. Somente assim, numa seleção criteriosa, podemos aperfeiçoar o mecanismo democrático até um dia, certamente, ele se tornar a gestão dos melhores.

Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal

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