24.5.16

A IGNORÂNCIA É “GENÉTICA”


- Doutor, dias atrás, conversando, eu não sei se em tom de algum desabafo, o senhor me disse que a ignorância é “genética”...
- Não, eu não o disse apenas em tom de desabafo. A ignorância, com base na lei “semelhante atrai semelhante”, é, de fato, genética, e, em determinados grupos familiares, chega a ser endêmica. (A obsessão, segundo palavras do Codificador na “Revue Spirite”, de janeiro de 1863, escrevendo sobre os possessos de Morzine) pode, igualmente, adquirir caráter epidêmico!)
- Existe uma base doutrinária para o que senhor afirma?...
 - “O Livro dos Espíritos” – Semelhanças Físicas e Morais –, questões 207 a 217. Vejamos, por exemplo, a questão 207-a: - “De onde vêm as semelhanças morais que existem às vezes entre os pais e os filhos?” Resposta: - “São espíritos simpáticos, atraídos pela afinidade de suas inclinações.”
- A ignorância, digamos, sendo uma doença, pode ser contagiosa?...
- Claro. Ela se transmite, assim como o fanatismo, o preconceito, etc. A convivência com determinados espíritos podem nos fazer semelhantes a eles – evidentemente, se não os fizermos semelhantes a nós! Porque a lucidez intelectual também é contagiosa. Os grandes mestres nos ensinam pelo que dizem, mas, principalmente, pelo seu exemplo. A bondade de Chico Xavier, por exemplo, contagiava a muitos.
- Como é que o círculo vicioso de ignorância pode se quebrar em um povo, ou em uma família?...
- Através da dor, ou, então, da reencarnação de espíritos que, de alguma sorte, conseguem lhes incutir novas ideias – pelo menos, levá-los a considerar a possibilidade de sua cegueira espiritual! Admitir a possibilidade da própria ignorância já é um grande progresso – mas é preciso admitir mesmo de fato, e não como quem esteja apenas querendo despertar sentimento de autopiedade nos outros.
- A ignorância é uma cegueira espiritual?...
- É treva pura! Conheço pessoas que argumentam sobre determinadas ideias que possuem com uma propriedade de fazer inveja aos doutores da lógica... Foi a respeito deles que disse Jesus: “... caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!”
- Quer dizer que a luz que muita gente imagina possuir?...
- É treva sem tamanho! E quase sempre é assim. Raro – muito raro – o espírito que se mantém de mente aberta, disposto a assimilar novos conhecimentos, ou, pelo menos, meditar no que ouve, sem, à primeira análise, rejeitar por absurdo ao seu entendimento.
- Talvez, por tal motivo, não seja fácil, não é, Doutor, ao espírito evoluir, porque, quase sempre, renasce no mesmo meio cultural?...
- Realmente. Por esta razão, muitas vezes, por acontecimentos os mais variados, os espíritos são levados a imigrarem, reencarnando no seio de outros povos, de outros grupos familiares, ou mesmo dentro de situações completamente antagônicas àquelas a que estão habituados.
- As desencarnações de filhos e netos que, de repente, se vêm impossibilitados de voltarem à Terra no seio da mesma família?...
- Vão ter que procurar outros pais e avós – com o fito de aprender, ou, quem sabe, de levar aprendizado a grupos que estejam marcando passo nas sendas da Evolução. O espírito, não raro, pode trocar de família, assim como troca de casa. Qual o problema?! A criança tornada adulta não sai de casa à procura do próprio caminho?! Indaga-nos o Senhor: “Quem é minha e quem são meus irmãos?”
- Doutor, mas, literalmente, existe o gene da ignorância?...
- Meu caro, a genética é ditada pelo espírito e, naturalmente, se imprime ao corpo que ele ocupa, inclusive, e principalmente, ao corpo espiritual. O corpo é um arsenal de genes – nele, existem genes para tudo! A falta de sinapses entre os neurônios dificulta o aprendizado. As células da memória são mais ativas em uns cérebros que em outros. Predisposições ao alcoolismo são comuns nos descendentes de alcóolatras. Não é que a ignorância possa ser transmitida “geneticamente”, mas, sim, que geneticamente ela possa ser facilitada em sua manifestação.
INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 22 de maio de 2016.

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