9.5.16

A TODAS AS MÃES, QUE SÃO MARIAS TAMBÉM!

Nunca me senti a altura de escrever qualquer texto em homenagem às Mães, por considerar que, com palavras, eu mesmo nunca consegui expressar por minha mãe todo o amor que sentia por ela.
Sempre tive a minha mãe como um anjo em minha vida e, sinceramente, quando dela me aproximava, quase não conseguia levantar os olhos para fitá-la...
Era tanta luz a irradiar-se de seu generoso espírito para que eu pudesse contemplá-lo, sem que os meus olhos se enchessem de lágrimas que procurava disfarçar.
Eu sei que as nossas Mães, sobretudo, são nossas irmãs, mas em toda mulher que se faz mãe, mesmo que apenas pelo coração, existe algo de divino que a palavra humana não pode definir.
Até mesmo Jesus, nos momentos mais cruciais de Sua vida, nos quais a sua Mãe estava presente, embora fosse Ele o Senhor, não deixava de tratá-la com sublime ternura e de preocupar-se com o seu futuro, confiando-a aos cuidados de João, o discípulo amado...
Afinal, ainda muito jovem, em constrangedora situação, fora ela que tivera a coragem de acolhê-Lo em seu abençoado ventre...
Fora ela que, tomando-O nos braços, empreendera corajosa fuja para o Egito, protegendo-O da sanha de seus perseguidores...
Fora ela que, preocupada com o seu desaparecimento, após procurá-Lo por toda a Jerusalém, na companhia de José, encontrara-O no templo ensinando aos doutores da lei...
Fora ela que, nas Bodas de Caná, na Galileia, recomendara aos serviçais que fizessem tudo o que Ele lhes ordenasse...
Fora ela que, sempre de mais perto ou de um pouco mais longe, Lhe acompanhara os passos na pregação do Evangelho, e se preocupara, diuturnamente, com o que os homens pudessem Lhe fazer...
Sim, fora ela, que, no momento do Calvário, prostrara-se de joelhos, aos pés da cruz, solidarizando-se com o sofrimento do Filho Amado crucificado entre dois malfeitores...
Embora, igualmente, sendo Maria, mas não fosse a de Nazaré, a minha mãe, ao que me recordo, também sempre esteve presente nos instantes mais difíceis de minha pobre vida.
Era ela que, estando eu já velho, todos os dias, ia à minha casa, para saber se eu havia almoçado...
Andando com dificuldade, nonagenária, a passos de anjo, era ela que se aproximava de minha sala, perguntando-me se eu havia melhorado do resfriado e se desejava que me fizesse um chá de folha de laranjeira com romã...
Era ela que, quando um de meus bichanos desaparecia, punha-se a perguntar nas vizinhanças por ele, não descansando enquanto não me trouxesse seguras notícias de seu paradeiro...
Era ela que, quase nada soubesse de Espiritismo, sentia-se feliz a cada novo livro que eu publicasse, e que, feito uma leoa protegendo a cria, erguia-se a me defender dos ataques dos inimigos que vinham apedrejar a porta de minha casa...
Era ela que, com a sua natural bondade, me inspirava a ser melhor do que sempre pude ser...
Era ela que, com o seu rosário nas mãos, orava por mim e me fortalecia na fé nos embates do cotidiano...
Confesso que quando, muitas vezes, claudicava na luta feroz, não era nos Espíritos Superiores que eu pensava, procurando força e coragem para não desanimar, mas, sim, nos silenciosos exemplos de minha mãe, que quase nunca se afastava da beirada do fogão à lenha, cozinhando para todos em nossa casa, ou do enorme tanque de roupas no qual fazia questão de continuar lavando as minhas “fraldas”...
Era ela que cuidava de minhas roseiras preferidas, contra as quais as saúvas estavam sempre a conspirar, e de meus vasos de samambaias e avencas e das jabuticabeiras em flor de meu pequeno pomar, nos fundos de casa...
Por este motivo, neste Domingo das Mães, com o propósito de homenagear a todas as Mães, de filhos seus ou de filhos alheios, eu não pude deixar de pensar em Maria de Nazaré e em Maria Lucas, porque sei que, pensando nelas duas, eu estaria pensando em todas as Mães, que, em seu coração, são Marias também!...

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 6 de maio de 2016.

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