15.5.16

CONVERSA DE OBSESSORES

Em torno de determinado companheiro de ideal espírita-cristã, tivemos oportunidade de registrar o diálogo que era entabulado por dois espíritos obsessores que tencionavam anulá-lo para o trabalho, que, há tempos, ele vinha desenvolvido em prol da Mensagem Espírita. E apenas com o propósito de fraterna advertência resolvemos reproduzi-la aqui, porque pode ser que o caso dele seja semelhante ao seu, ou, quem sabe, seja o seu mesmo.

- O que faremos?! – perguntou o primeiro ao segundo que lhe escutava atento, examinando a grave situação. – Ele parece resistente a todas nossas investidas?!...
- Sim, de fato – respondeu o parceiro das trevas. – Os nossos recursos para desanimá-lo estão se esgotando, ao ponto, confesso, de eu mesmo, estar quase desistindo...
- Não, não podemos! Carecemos de experimentar novos métodos, porque, afinal, não há quem não se mostre vulnerável em algum ponto de sua teimosia...
- Acontece, porém, que já tentamos quase tudo: dinheiro, lisonja, convites ao prazer... Ele parece obcecado pela ideia de trabalhar! Se, pelo menos, fosse menos disciplinado...,
- Maldito Chico Xavier! Aquele homem incutiu a ideia de trabalho exaustivo na cabeça de muita gente – na boca dele, a palavra “trabalho” era como se fosse mel!...
- Estando muito doente e sendo acossado pelos piores perseguidores espirituais, perto dos quais ambos não passamos de fichinhas, ele não desistia de trabalhar...
- É verdade! Eu soube que alguns ferrenhos perseguidores espirituais dele acabaram se convertendo pela força de seu exemplo e bondade... Embora de pé, ele vivia de joelhos, implorando misericórdia...
- Alguns, meu caro, foram exauridos por ele em décadas de resistência – não houve método que funcionasse contra! Praticamente tudo foi tentado, inclusive ingratidão de amigos que lhe eram mais próximos – os nossos pares chegavam aos amigos, mas não chegavam nele...
- Não, mas se tantos outros já caíram, porque este não pode cair?! Não vamos desistir, não! Reencarnar, eu não vou, eu não quero e não tem que me convença a voltar ao corpo para sofrer...
- Sim, mas nós dois também já estamos ficando “velhos” – a morte é algo de que nem aqui, deste Outro Lado, haveremos de escapar... Eu já não lhe observo no mesmo vigor de outrora! Você mesmo já foi muito mais determinado...
- Vamos continuar lhe enxovalhando o nome...
- Não adianta! Mais enxovalhado que já foi?! Para ele, a essas alturas do campeonato, tudo será elogio.
- Então, vamos utilizar a Internet contra ele... Não nos será difícil encontrar alguém que não saia do teclado de um computador! Continuemos na produção de lama, lama e mais lama...
- Se vamos prosseguir tentando, o ponto tem que ser ele – não adianta nada: críticas, humilhações, ataques frontais, ataques pela retaguarda... Ele precisa ser minado de dentro para fora, e não de fora para dentro...
E arrematou:
- Já que você insiste, temos que pensar em algo, mas, se não der certo, será a minha última cartada... Já perdi muito tempo com quem não quer perder tempo. A história da obsessão está se invertendo, pois, em minha opinião, ele é que passou a nos perturbar...
Depois de buscar profunda inspiração em suas próprias sombras, o mais renitente dos dois, exclamou a sorrir com sarcasmo:
- Já sei! Será a nossa última tentativa e, para tanto, não precisaremos utilizar instrumento algum – será ele contra ele!...
- O que vamos tentar?! – questionou o interlocutor, curioso.
- Vamos adulá-lo e convencê-lo de que ele está cansado, de que já trabalhou muito e que, agora, é mais do que justo que ele procure descansar!...
- Muito bem bolado! – aplaudiu o comparsa. – Esse método de incutir cansaço na cabeça de quem não está, embora muito antiga, sem dúvida, continua sendo uma das que apresenta os melhores resultados... Claro, não funcionou contra aquele tal de Chico Xavier, mas tem funcionado e dado certo contra muita gente boa, viu!...

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 15 de maio de 2016.

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