1.5.16

Reconstrução Moral

Brasília ferve. De todos os lados chegam notícias alvissareiras de que um novo governo se impõe e outro já gesta na República.
O que fazer diante dos críticos e daqueles que acreditam ser uma ruptura legal contra outros que defendem fielmente que a constituição foi desrespeitada?
Os embates continuarão sejam quais forem os desígnios deste ambiente de grande disputa pelo poder central.
Muitos acreditam que o que está por vir seja melhor do que o que aí está. Na verdade, os donos do poder atual mexeram com aquilo que de mais sagrado existe num povo: a sua esperança.
Quando um trabalhador do povo chegou ao poder supremo da nação imaginou-se que ele carregaria em si o peso da responsabilidade em traduzir em ações de governo os principais anseios populares. Houve avanços e isto é reconhecido por todos até mesmo daqueles que lhe faziam oposição. Hoje, no entanto, a história é outra e os mesmos que o acalantaram no passado são os primeiros a dar-lhe a chicotada do ódio e do desprezo.
A população assiste estupefata a tudo isso e deseja imediatamente melhoras. Já não aguenta mais tanto desaforo dos políticos que deveriam defender os seus interesses e, na verdade, defendem os próprios.
Os crimes de corrupção são notórios e beira à calamidade moral de um povo. Como se pode, ao longo de tantos anos, e de muitos governos, alimentarmos tão grandemente este dragão infame?
Nossos costumes morais foram abatidos, embora se falseie em dizer que isto é apenas o mal de um governo só. O nosso País, o grande Brasil, é objeto da delapidação privada há séculos e atualmente só se repete o mesmo catecismo de ontem.
O que fazer senão proceder a grande varredura moral em nossos governos federal, estadual e municipal. Se mais não fosse, que olhássemos ao menos daqui por diante e evitássemos com leis e a sua rigorosa aplicação que novos desmandos não fossem feitos.
O que é urgente, meus senhores, é a reconstrução moral de um País. Este é o desafio.
Mudar mentes, mudar procedimentos, mudar atitudes.
Todos estão acostumados em surrupiar um pedaço do Estado achando isto absolutamente normal. Não é. Nunca foi. E nunca será.
Temos todos, brasileiros nas duas faces da vida, que juntarmos as nossas mãos em torno deste propósito maior: a moralização da vida pública brasileira.
Desculpe, se em tantos textos que aqui escrevo, reporto-me sempre a mesma tecla. É que não enxergo, nem os meus pares do lado de cá, outra saída honrosa e definitiva para o nosso País.
Moralizar costumes. Moralizar hábitos. Moralizar ações.
Sem isto pouco avançaremos. Tudo continuará no mesmo lugar de antes.
Façamos esta revolução por dentro, isto é, a começar por cada um de nós. Se eu tiver moral e exercê-la na plenitude, um dia o País irá se moralizar. Se, porém, continuarmos a acreditar que nada tem jeito, tudo ficará como está. Mudarão os personagens, mas o enredo será exatamente o mesmo.
Moralizem os espíritos para que as instituições sejam moralizadas.
Pelo bem de todos nós.


Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal

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