2.5.16

União na Diversidade

Quando menino, lá no meu Ceará, ouvia dizer que muita gente não iria para o céu se não aceitasse a Jesus – e particularmente na sua igreja de preferência.
Ficava intrigado com tudo aquilo. Como é que pode ser que alguém vá para o inferno simplesmente porque não teve a oportunidade de conhecer a Cristo?
Eu encontrei Cristo, desde cedo, na Igreja Católica Apostólica Romana. Foi a minha forma e os outros como seriam?
Eu tive, posteriormente, a sorte de conhecer outros padres de outras denominações cristãs, pastores protestantes, espíritas e até amigos tive no seio da Umbanda. Todos eram meus colegas e irmãos em Cristo e não conseguia conciliar porque teria que haver disputas e ódios entre irmãos que, no fundo, desejavam o mesmo objetivo: ajudar a todos a se encontrarem com Deus.
Foi aí que passei a ter uma conduta mais ecumênica. A juntar todos, quando podia, em torno do Cristo. Ou de Deus, como fosse.
Quando me juntava a eles, por exemplo, num culto ecumênico, era de uma alegria tamanha tê-los ao meu lado a compartilhar dos mesmos ensinamentos.
Achava que Cristo ficaria com muito feliz vendo os seus irmãos juntos numa mesma causa.
Tive que me conter, várias vezes, para não passar a impressão de ser um bispo ecumênico por demais, afinal, os meus pares defendiam certa homogeneização da fé católica.
Esta alegria, meus caros, aumentou depois que “morri”.
Tive a oportunidade no lado de cá de me encontrar e trabalhar com diversos irmãos de caminho de outras paragens religiosas. Aliás, o que menos se preocupa por aqui é com a denominação a, b ou c. O que importa mesmo é o trabalho no bem.
Pois então, o que fiz e faço nesta vida é me juntar com todos que querem fazer algo de melhor para a humanidade. São belíssimos os encontros que já presenciei. E quando nos encontramos com esta diversidade é que nos sentimos verdadeiramente mais filhos de Deus.
A diversidade nos completa.
Não ficamos a defender princípios particulares, nem nos lembramos disto. O que fazemos é nos reunir em torno de uma causa e debatermos qual a melhor alternativa de solução e como cada um pode contribuir nesta direção.
Abraçamo-nos. Beijamo-nos. Congratulamo-nos o tempo todo.
É maravilhoso este convívio de irmãos e incentivamos que eles façam o mesmo aí entre vocês.
Queremos ver irmãos abraçando a mesma causa, independentemente das crenças particulares.
Infelizmente, o divisionismo ainda persiste no seio das igrejas cristãs, sobretudo naquelas que não aprenderam ainda a conjugar o principal ensinamento do Cristo: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
É isto o que humildemente fazemos aqui e aí.
Depois que escrevi estes livros, tenho sido convidado a participar, na contraparte espiritual do sistema, a eventos ecumênicos e fraternos. Quando não, apareço, a convite, em reuniões do Candomblé, da Umbanda, do Evangelismo e de outras correntes de pensamento. Tudo na mais absoluta tranquilidade e conforto.
E continuarei esta peregrinação com o Cristo ao meu lado, abrindo veredas para o amor entre os homens.
Um abraço,

Helder Câmara – Blog Novas Utopias

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