5.6.16

Dignidade Moral

O que comprar com a dignidade senão o respeito de todos?
Um homem íntegro, senhor das suas ações, pautado em comportamentos nobres, há de ser respeitado onde quer que esteja. Ele se impõe pelo que é e não precisa de outras credenciais.
Infelizmente no nosso País, onde campeia a desonestidade, encontrar um homem íntegro no ambiente público representa, para muitos, honrosa exceção.
O fato é que o meio público brasileiro foi tomado, há algum tempo, por vendedores da República. Acham-se pertencentes de algum pedaço do País e colocam-se como negociadores dos bens públicos.
Desta forma, subtraem os capitais das empresas estatais e públicas, desviam recursos para proveito próprio ou de terceiros de acordo com seus interesses, ou mesmo solapam os cofres para proveito e uso próprios.
Os ladrões do dinheiro do povo – e este é mesmo o qualificativo a se por –haverão de pagar um bom preço pela sua incúria e esperteza. E o pagarão não somente entre os homens da terra, mas igualmente aos homens do espaço, aqueles que já habitam o plano dos invisíveis.
A justiça pode tardar, mas efetivamente não falta. Graças a Deus, personagens da justiça usam a sua autoridade para o bem de todos, cumprem com o seu dever, não tangenciam seus compromissos maiores. São, de fato, servidores leais do povo.
No Brasil, as injustiças de toda a sorte permitiram que fossem criados dois tipos de cidadãos: os que a mão da justiça alcança e aqueles cujas riquezas e poder distanciam qualquer aproximação da aplicação dos direitos.
Este quadro terrível, que envergonha e distorce a democracia e o Estado de Direito, perdura até hoje. É comum dizer-se que a justiça no Brasil somente se aplica para os pobres.
Não sem tempo, que vislumbramos hoje os agentes da justiça colocarem atrás das grades os detentores de capital e poder, igualando-os à plebe. Que magnífica e grande vitória!
Este quadro tenderá a levar a outros cenários antes jamais imaginados.
Pela mão da justiça, muitos políticos terão que mudar a sua postura diante da aplicação correta dos recursos públicos.
Pela mão certa da justiça, os salteadores do dinheiro público pagarão o que subtraíram e serão aposentados na cadeia.
Pela mão da justiça, muitos outros haverão de se perguntar se o crime, efetivamente, compensa.
Em todo caso, reconstruamos este País à base da dignidade moral.
Como podemos querer ver um país líder no terceiro milênio com toda a sua classe política podre?
Como podemos nos arvorar ser o coração do mundo se ainda viramos a face diante da dor do irmão de pátria?
Como podemos dizer-nos livres se ainda aprisionamos tantos quantos na cela do desemprego e da desesperança?
Muito a se construir, é verdade. Tudo isso passa por uma incrível combinação de fatores, mas é possível sonhar com um Brasil melhor.
Tantos já deram a sua própria vida por este País.
Tantos já assinaram ser possível avançar mais na sua economia e no bom aproveitamento de seus recursos.
Tantos, diariamente, dão o seu próprio sangue para ver um país diferente e próspero.
Diante de tudo que nos espera, descruzemos os nossos braços e empunhemos a bandeira da verdade e dos costumes bons.
Uma outra pátria nos espera, irmãos, uma pátria de felicidade para todos os seus filhos.

Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal

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