21.6.16

ESPIRITISMO E ENTRESSAFRA

(Reflexões de 18 de Abril)

Não há negar que, após desencarnação de Chico Xavier, ocorrida a 30 de junho de 2002, o Espiritismo, quase em todos os seus aspectos, entrou num período de entressafra, que, infelizmente, ninguém sabe dizer quanto tempo há de durar. (Esse período de entressafra prolongadíssimo foi o que levou o Espiritismo a desaparecer quase que por completo em França!)
Durante, praticamente, todo o século XX, o trabalho de Chico impulsionou a Doutrina, seja no campo literário, com espantosa produção mediúnica, seja no campo do apostolado, levando adiante o labor vivencial de tantos outros notáveis pioneiros do Espiritismo no Brasil.
A verdade, porém, é que agora, infelizmente, com o desenlace de Chico, o seu líder natural, o Espiritismo empobreceu-se de valores espirituais encarnados, e, por que não dizer, igualmente, dos valores espirituais desencarnados que por ele se expressavam.
Médiuns, até imbuídos de certa boa vontade, porém extremamente faltos de idealismo superior, surgem aqui e ali, em labor personalista e interesseiro que, sinceramente, não se compreende.
Principiantes no afã da mediunidade, com, inclusive, escasso conhecimento da Doutrina, sedentos de holofote e promoção pessoal, em vez de somar em benefício da Fé, estão sendo utilizados como instrumentos de descrença pelos opositores invisíveis da Terceira Revelação.
Quase em toda a parte, despontam seareiros que, agindo inescrupulosamente, enganam aos mais incautos, propondo inovações ao corpo doutrinário, anunciando-se como missionários nas atividades-relâmpago que, felizmente, depois de não alcançarem a repercussão esperada, são abandonadas por eles, que se retiram de tais atividades alegando incompreensão e falta de receptividade – quando deveriam alegar falta de sucesso empresarial!
Raros são os que, perseverando em suas tarefas humildes, neste período de entressafra, mantém acesa a chama do Ideal, agregando alguns poucos em torno do suor que, anonimamente, derramam na sustentação da Fé Raciocinada, que, sem dúvida, vem sendo acuada pelos sistemáticos adversários do Cristo, que não desanimam de fazer eclipsar a luz que Ele representa e sempre há de representar para a Humanidade.
A fase atual que o Espiritismo vem atravessando é difícil e, infelizmente, promete ser uma longa e espessa noite, até que espíritos realmente sinceros e comprometidos com a Causa tomem corpo na Terra e deem à Doutrina o novo impulso que ela está a carecer, notadamente, no campo do apostolado do exemplo.
Não imaginemos que tudo, no entanto, deva correr por conta de uma planificação de Ordem Superior, e que, no momento certo, as coisas haverão de acontecer. De fato, nada sucede à revelia da Vontade do Criador, mas – que isto fique bem claro –, não nos esqueçamos de que, voluntariamente ao lhe aderir, é através da vontade da criatura que ela se executa.
O Cristo, em certa oportunidade, afirmou que o Pai trabalha e que Ele também trabalha, significando, em outras palavras, que Eles se esforçam, e esforçam-se diuturnamente, para que o Reino Divino se estabeleça entre os homens.
Uma série de fatores deve ser levada em conta, porque ao que se sabe a maioria dos espíritos que reencarnam com determinada tarefa a cumprir na Terra, desviando-se de suas finalidades, não a cumprem, e, quando logram cumpri-la, apenas o fazem de maneira parcial – e, não raro, comprometedora!
Que nós, portanto, espíritos encarnados e desencarnados, trabalhadores deste momento de entressafra espiritual, que, sem dúvida, começou exatamente com a desencarnação de Chico Xavier no início do Terceiro Milênio – entressafra que, na Doutrina, vem nos deixando quase que completamente sem parâmetros de ordem moral! –, procuremos permanecer, ao menos, na condição de guardiães da Luz que não pode se apagar, esperando e orando pela chegada daqueles que, espíritos de semelhante cepa a do Inolvidável Medianeiro, possam continuar fazendo com que a Luz brilhe em todo o seu esplendor, norteando a Humanidade que, em termos espirituais, presentemente, nos parece totalmente sem rumo, a caminho do abismo.
Não creiamos, pois, sem importância, a reunião semanal que, praticamente, a sós, estejamos sustentando na Casa Espírita que frequentamos, ou ainda, junto aos mais carentes, a singela atividade assistencial que mantenha tremulando a bandeira da Caridade, que, sem palavras, fala da excelência do Amor que se, um dia, viesse a desaparecer da face da Terra induziria a Humanidade a suicídio de ordem coletiva.

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 18 de abril de 2016.

OBS: Página recebida pelo médium na data acima, porém, tão somente agora sendo publicada.

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