20.6.16

Ser Padre

O grande desafio de ser padre é despir-se de si mesmo para abraçar a causa de todos os fiéis que irão lhe procurar. O padre deixa de ser ele mesmo porque a sua vocação somente terá sentido se ele abraçar, de verdade, a dor do seu irmão de caminho.
Ser padre é vocação, sim. É vocação para amar sem distinção. A doar-se sem tempo nem hora. É ir ao encontro daquele que precisa dele sem reclamar, pelo contrário, com a firme determinação de ajudar, ele vai agradecer a oportunidade de servir.
Ele é um pai, esta é a figura que ele deve expressar aos fiéis, porque ele assim se designa, um pai. E o que faz um pai senão zelar pelos seus filhos queridos?
Um padre possui, portanto, milhares de filhos. Filhos de todo jeito, de todas as raças, de todos os humores, de todas as virtudes e defeitos. E para ele, filhos amados.
Um padre tem o compromisso permanente de se encontrar com Deus e, com isso, poder expressar para seus filhos a Sua vontade – se é que será possível, mas ele vai tentar mediante a inspiração que certamente virá se os propósitos forem nobres.
Esta conexão com Deus Pai fará ele mais forte e sua convicção de fé só irá aumentar.
A fé de um padre tem que ser uma das suas maiores ancoras de vida. Um padre sem fé não tem como exercer o seu ofício, simplesmente porque a fé é a sua matéria-prima de trabalho junto aos seus fiéis. Como transmitir algo que não se possui?
Eu tive fé demasiada, como hoje continuo a ter, e foi isso que me fez ter o êxito que tive na minha experiência pastoral. Expresso-me desta forma porque estou convicto que dei o meu melhor e, sendo assim, a minha consciência está absolutamente tranquila.
Vejo hoje muitos padres que abraçam o sacerdócio sem qualquer vocação. Talvez sinta uma emoção diferente numa missa. Ou ache bonito lidar com tanta gente, não sei. O que sei é que ser padre é presente de Deus na vida de um homem e ele deve agradecer isto sempre.
Os desvios dos atos de um padre são absolutamente compreensíveis quando imbuídos do desejo de acertar. Outros, porém, divergem radicalmente da filosofia de vida de um verdadeiro padre. Ostentam uma denominação oficial, mas não guardam a beleza da vocação no coração.
Ser padre é presente de Deus porque vai permitir adentrar na dor de seus irmãos de caminho e poder proporcionar, minimamente que seja, um alívio para aquela alma em perturbação.
Ser padre é presente de Deus porque é oportunidade ímpar de servir a Deus servindo ao próximo.
Ser padre é presente de Deus porque aprendemos a amar, sobretudo quando somos forçados a esquecer de nós mesmos.
Dou graças a Deus, sempre, pela possibilidade de estar na Sua Igreja por tanto tempo.
Quantos amigos fiz. Quantas alegrias tive. Quanta felicidade invadiu meu coração.
Minha alma continua sendo de um padre, mesmo depois da desencarnação – permita-me usar esta expressão.
Perdoem-me os meus se hoje me expresso de outro modo e alguns podem dizer: - Helder não era assim. Ora, como posso permanecer o mesmo diante das verdades que presencio?
Sou padre, sim, meus irmãos. Continuarei sendo até onde Deus me permitir.
Minha alma floresce a cada dia de novas oportunidades de serviço e abraço todas elas em nome do Cristo Jesus.

Obrigado, Pai!
Helder Câmara – Blog Novas Utopias

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