24.7.16

LEI DE SOCIEDADE: LAÇOS DE FAMÍLIA

    - Simpatias e Antipatias
    Como seres inteligentes da criação que povoam o Universo fora do mundo material, os Espíritos cultivam entre si, a simpatia geral destinada pelas suas próprias semelhanças. Além desta simpatia de caráter geral, existem, também, as afeições particulares, tal como as há entre os homens. Esta afeição particular decorre do princípio de afinidade, como resultado de "uma perfeita concordância de seus pendores e instintos".
    Assim como há as simpatias entre os Espíritos, há, também, as antipatias, alimentadas pelo ódio, que geram inimizades e dissenções. Este sentimento, todavia, só existe entre os Espíritos impuros que não venceram, ainda, em si mesmos, basicamente, o egoísmo e o orgulho. Como exercem influência junto aos homens, acabam estimulando nestes os desentendimentos e as discórdias, muito comuns na vida humana.
    Desde que originada de verdadeira simpatia, a afeição que dois seres se consagram na Terra continua a existir sempre no mundo dos Espíritos.
    Por sua vez, os Espíritos a quem fizemos mal neste mundo poderão perdoar-nos se já forem bons e segundo o nosso próprio arrependimento. Se, porém, ainda forem maus, podem guardar ressentimento e nos perseguirem muitas vezes até em outras existências.
    Como observam os Espíritos Superiores: "da discórdia nascem todos os males humanos; da concórdia resulta a completa felicidade", e um dos objetivos da nossa encarnação é o de trabalhar no sentido de nos melhorarmos interiormente e chegarmos à perfeição espiritual.
    Isto nos leva a compreender melhor a afirmação de Jesus quando nos disse: "Amai os vossos inimigos", pois só há hoje prejuízo para o Espírito que tenha inimigos por força do mal que haja praticado, uma vez que os inimigos são obstáculos em sua caminhada e essa inimizade sempre gera infelicidade e atraso em seu progresso espiritual.
    Admitindo "que a maldade não é um estado permanente dos homens; que ela decorre de uma imperfeição temporária e que, assim como a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau reconhecerá um dia os seus erros e se tornará bom" compreendemos também que a nossa meta maior é superar a maldade que ainda existe em nós e nos outros, e, neste sentido, só a manifestação de amor de nossa parte pode quebrar o círculo vicioso do ódio que continua a existir, muitas vezes, mesmo depois da morte física.
    O período a esse esforço é, sem dúvida, quando estamos junto aos nossos inimigos, convivendo com eles, na condição de encarnados e desencarnados, pois é quando temos as melhores oportunidades de testemunhar nosso propósito de cultivar a concórdia para com todos, e assim, substituir os laços de ódio que nos ligavam pelos laços do amor que passam a nos unir. Allan Kardec, estudando a causa das simpatias e antipatias que se manifestam entre pessoas que se avistam pela primeira vez, diz [QE]:    "São criaturas que se conheceram e que muitas vezes se amaram em outra vida e que, ao se encontrarem nesta, atraem-se mutuamente. Também as antipatias instintivas provêm, vez por outra, de relações anteriores."
    Lembra Kardec que esses sentimentos podem ter outra causa, relacionada não a vivências anteriores, mas sim ao padrão vibratório das pessoas envolvidas, à condição moral, os gestos e tendências, enfim, a própria maneira do indivíduo ser, pensar, e agir:
    "O perispírito irradia ao redor do campo, formando uma espécie de atmosfera impregnada das qualidades boas ou não do Espírito encarnado. Duas pessoas que se encontraram pelo contato dessas auras sentem uma sensação agradável ou desagradável."

    - As Almas gêmeas
    Em [LE-qst 298] vemos que "não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos."
    Devemos compreender que um Espírito não é a metade do outro.
    "Se um Espírito fosse a metade do outro, separados os dois, estariam ambos incompletos." [LE-qst 299]
    "A teoria das metades eternas encerra uma simples figura, representativa da união de dois Espíritos simpáticos. Trata-se de uma expressão usada até na linguagem vulgar e que se não deve tomar ao pé da letra."[LE-qst 303-a]

    - A Importância da Família
    A vida familiar deve ser a vida de todo homem integrado na unidade social, denominada família. Esta palavra, família, pode ser conceituada num sentido mais restrito - constituído pelos nossos familiares consangüíneos - como num sentido mais amplo - o representando por agrupamentos de Espíritos afins, quer intelectual, quer moralmente.
    A família é a abençoada escola de educação moral e espiritual, oficina santificante onde se lapidam caracteres; laboratório superior em que se encadeiam sentimentos, estruturam aspirações, refinam idéias, transformam mazelas antigas em possibilidades preciosas para a elaboração de misteres edificantes.
    A família é, pois, o mais prodigioso educandário do progresso humano. A importância não se mede apenas como fonte geratriz de seres racionais, mas como oficina de onde se projetam os homens de bem, os sábios, os benfeitores em geral. "A família é mais do que um resultante genético. (...) São os ideais, os sonhos, os anelos, as lutas e árduas tarefas, os sofrimentos e as aspirações, as tradições morais elevadas que se cimentam nos liames da concessão divina, no mesmo grupo doméstico onde medram as nobres expressões da elevação espiritual na Terra. Quando a família periclita, por esta ou aquela razão, sem dúvida a sociedade está a um passo do malogro."
    A vida em família, para que atinja suas finalidades maiores deve ser vivenciada dentro dos padrões de moralidade, compreensão e solidariedade. A família é uma instituição divina cuja finalidade precípua consiste em estreitar os laços sociais, ensejando-nos o melhor modo de aprendermos a amar-nos como irmãos. Por tão incontestáveis razões, a vida em família, de todas as associações é, talvez a mais importante em virtude da sua função educadora e regenerativa.

    - Laços Corporais e Laços Espirituais Existem duas modalidades de família e, em conseqüência, duas categorias de laços de parentescos: as que procedem da consangüinidade e as que procedem das ligações espirituais.
    "Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar no desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir."[ESE-cap XIV it 8]
    Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família, e sim, os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações.
    Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente já na existência atual.

 Bibliografia
1) O Livros dos Espíritos - Allan Kardec
2) O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec
3) O Que é o Espiritismo - Allan Kardec
4) Vida e Sexo - Emmanuel/Chico Xavier
5) Estudos Espíritas - Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


 Apostila Original: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG

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