20.9.16

Virtude – II

255 –Devemos nós, os espiritistas, praticar somente a caridade espiritual, ou também a material?
-A divisa fundamental da codificação kardequiana, formulada no “fora da caridade não há salvação” , é bastante expressiva para que nos percamos em minuciosas considerações.
Todo serviço da caridade desinteressada é um reforço divino na obra da fraternidade humana e da redenção universal.
Urge, contudo, que os espiritistas sinceros, esclarecidos no Evangelho, procurem compreender a feição educativa dos postulados doutrinários, reconhecendo que o trabalho imediato dos tempos modernos é o da iluminação interior do homem, melhorando-se-lhe os valores do coração e da consciência.
Dentro desses imperativos, é lícito encarecermos a excelência dos planos educativos da evangelização, de modo a formar uma mentalidade espírita-cristã, com vistas ao porvir.
Não podemos desprezar a caridade material que faz do Espiritismo evangélico um pouso de consolação para todos os infortunados; mas não podemos esquecer que as expressões religiosas sectárias também organizaram as edificações materiais para a caridade no mundo, sem olvidar os templos, asilos, orfanatos e monumentos. Todavia, quase todas as suas obras se desvirtuaram, em vista do esquecimento da iluminação dos Espíritos encarnados.
A Igreja Romana é um exemplo típico.
Senhora de uma fortuna considerável e havendo construído numerosas obras tangíveis, de assistência social, sente hoje que as suas edificações são apenas de pedra, porquanto, em seus estabelecimentos suntuosos, o homem contemporâneo experimenta os mais dolorosos desenganos.
As obras da caridade material somente alcançam a sua feição divina quando colimam a espiritualização do homem, renovando-lhe os valores íntimos, porque, reformada a criatura humana em Jesus-Cristo, teremos na Terra uma sociedade transformada, onde o lar genuinamente cristão será naturalmente o asilo de todos os que sofrem.
Depreende-se, pois, que o serviço de cristianização sincera das consciências constitui a edificação definitiva, para a qual os espiritistas devem voltar os olhos, antes de tudo, entendendo a vastidão e a complexidade da obra educativa que lhes compete efetuar, junto de qualquer realização humana, nas lutas de cada dia, na tarefa do amor e da verdade.
256 –Como interpretar a esmola material?
-No mecanismo de relações comuns, o pedido de uma providência material tem o seu sentido e a sua utilidade oportuna, como resultante da lei de equilíbrio que preside o movimento das trocas no organismo da vida.
A esmola material, porém, é índice da ausência de espiritualização nas características sociais que a fomentam.
Ninguém, decerto, poderá reprovar o ato de pedir e, muito menos, deixará de louvar a iniciativa de quem dá a esmola material; todavia, é oportuno considerar que, à medida que o homem se cristianiza, iluminando as suas energias interiores, mais se afasta da condição de pedinte para alcançar a condição elevada do mérito, pelas expressões sadias do seu trabalho.
Quem se esforça, nos bastidores da consciência retilínea, dignifica-se e enriquece o quadro de seus valores individuais.
E o cristão sincero, depois de conquistar os elementos da educação evangélica, não necessita materializar a idéia da rogativa da esmola material, compreendendo que, esperando ou sofrendo, agindo ou lutando, nos esforços da ação e do bem, há de receber, sempre, de acordo com as suas obras e de conformidade com a promessa do Cristo.

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