31.12.16

QUANTO PUDERES

    Quanto puderes, não te afastes do lar, ainda mesmo quando o lar te pareça inquietante fornalha de fogo e aflição.
    Quanto te seja possível, suporta a esposa incompreensiva e exigente, ainda mesmo quando surja aos teus olhos por empecilho à felicidade.
    Quanto estiver ao teu alcance, tolera o companheiro áspero ou indiferente, ainda mesmo quando compareça ao teu lado, por adversário de tuas melhores esperanças.
    Quanto puderes, não abandones o filho impermeável aos teus bons exemplos e aos teus sadios conselhos, ainda mesmo quando se te afigure acabado modelo de ingratidão.
    Quanto te seja possível, suporta o irmão que se fez cego e surdo aos teus mais elevados testemunhos no bem, ainda mesmo quando se destaque por inexcedível representante do egoísmo e da vaidade.
    Quanto estiver ao teu alcance, tolera o chefe atrabiliário, o colega leviano, o parente desagradável, ou o amigo menos simpático, ainda mesmo quando escarneçam de tuas melhores aspirações.
    Apaga a fogueira da impulsividade que nos impele aos atos impensados ou à queixa descabida e avancemos para diante arrimados à tolerância porque se hoje não conseguimos realizar a tarefa que o Senhor nos confiou, a ela tornaremos amanhã com maiores dificuldades para a necessária recapitulação.
    Não vale a fuga que complica os problemas, ao invés de simplificá-los.
    Aceitemos o combate em nós mesmos, reconhecendo que a disciplina antecede a espontaneidade.
    Não há purificação sem burilamento, como não há metal acrisolado sem cadinho esfogueante.
    A educação é obra de sacrifício no espaço e no tempo, e atendendo à Divina Sabedoria, - que jamais nos situa uns à frente dos outros sem finalidade de serviço e reajustamento para a vitória do amor -, amemos nossas cruzes por mais pesadas e espinhosas que sejam, nelas recebendo as nossas mais altas e mais belas lições.


Livro: Coragem - Francisco C. Xavier - Emmanuel

30.12.16

PROVAS DA IMORTALIDADE QUE JESUS DEU A SEUS DISCÍPULOS

    "Nesse mesmo dia, dois dentre eles caminhavam para uma aldeia chamada  Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios, conversando ambos de tudo quanto se tinha passado. E aconteceu que quando eles falavam e conferenciavam a seu respeito, Jesus veio unir-se a eles e caminhava ao lado deles, mas seus olhos estavam como que fechados, a fim de que eles não pudessem reconhecê-lo. Ele lhes disse: Sobre o que conversais e por que estais tristes?
    "Um deles, chamado Cleofas, tomando a palavra lhe disse: Sois tão estrangeiro em Jerusalém que não sabeis o que se tem passado ali naqueles dias? O que? lhes disse ele. Eles responderam: Sobre Jesus Nazareno, que foi profeta poderoso diante de Deus e de todo o povo, e de que modo os principais do sacerdotes e os nossos senadores o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Ora, esperássemos que fosse ele quem resgatasse Israel, e, entretanto, depois de tudo isto, eis já o terceiro dia que estas coisas sucederam. Por outro lado certas mulheres, das que conosco estavam, nos encheram de pasmo, tendo ido de madrugada ao túmulo; e não havendo achado o seu corpo, voltaram, declarando que tinham visto anjos, os quais diziam estar ele vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo, e acharam que era assim como as mulheres haviam dito, mas não o viram. Então ele lhes disse: Ó insensatos e tardios de coração, para crer em tudo quanto os profetas disseram! Não era preciso que o Cristo sofresse todas as coisas e que entrasse assim na sua glória? E começando por Moisés e depois por todos os profetas, ele lhes explicava o que tinham dele dito as Escrituras. E quando estavam perto da aldeia para onde iam, ele deu mostra de que ia mais longe - mas eles o forçaram a parar, dizendo: ficai conosco, porque é tarde e o dia está na sua declinação; e entrou para ficar com eles.
    "Estando com eles à mesa, tomou o pão, abençoou, e tendo partido, lhes deu.
    "Ao mesmo tempo se lhes abriram os olhos e eles o reconheceram; mas ele desapareceu diante deles. Então disseram um ao outro: Não é verdade que sentíamos abrasar-se-nos o coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?
    "Levantando-se no mesmo instante, voltaram para Jerusalém, e acharam juntos os onze apóstolos e os que com eles estavam reunidos, os quais diziam: É verdade que o senhor ressuscitou e apareceu a Simão? "E os dois contaram também o que lhes havia acontecido em caminho e como reconheceram Jesus no partir do pão.
    "Enquanto assim conversavam, Jesus apresentou-se no meio deles e lhes disse: A paz esteja convosco; sou eu, não temais. Mas na perturbação e espanto de que se achavam possuídos, eles julgavam ver um Espírito.
    "E Jesus lhes disse: Por que vos perturbais? E por que se sugerem tantos pensamentos em vossos corações? Olhai para as minhas mãos e para os meus pés e reconhecei que sou eu mesmo; tocai-me, e considerai que um Espírito não tem carne nem osso, como vedes que eu tenho.
    "Depois de ter dito isso, mostrou-lhe as mãos e os pés. Mas como não acreditavam ainda tão cheios estavam de alegria e admiração, ele lhes perguntou:
    "Tendes aqui alguma coisa que se coma? Eles lhe apresentaram uma posta de peixe e um favo de mel. Comendo Jesus diante deles tomou o resto, lhes deu e disse-lhes: Eis o que eu vos dizia quando ainda estava convosco; que era necessário que tudo quanto estivesse na lei de Moisés, nos profetas, nos Salmos, se realizasse. Ao mesmo tempo lhes abriu o espírito a fim de que entendessem as Escrituras e disse: é assim que está escrito e é assim que era preciso que o Cristo sofresse, e que ressuscitasse dentre os mortos, no terceiro dia, e que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados em todas as nações, principiando de Jerusalém. Ora vós sois testemunhas destas coisas. E eu vou enviar-vos o dom de meu Pai que vos tem sido prometido; entretanto, demorai na cidade até que sejais revestidos da força lá do Alto".    (Lucas, XXIV, 13-49. )

    Magnífica narrativa! Quem poderá negar-lhe a veracidade e o sucesso que causou aos povos daquele tempo tão estupenda manifestação?
    Era passado o sábado gordo, o Sol brilhava no firmamento em caminho do poente; caminhavam dois homens em busca de Emaús, e no caminhar iam relembrando as cenas sanguinolentas verificadas no Gólgota; a morte do inocente, a tirania de Herodes, o servilismo de Pilatos, Anás e Caifás, os sumos sacerdotes; a degradação e a indiferença de uns e a malevolência de outros; a perversão da opinião pública que preferiu Barrabás a Cristo! Caminhavam sob a impressão pungente da morte dolorosa que se dera àquele em que eles viam a redenção de Israel, quando Jesus redivivo lhes aparece, com eles conversa e, censurando a insensatez com que interpretavam as Escrituras, acompanha-os e se lhes mostra, no partir do pão, quando se achavam prontos para a ceia!
    "Insensatos e tardos de coração" - embora discípulos do nazareno - não podiam, sem que se lhes abrisse o entendimento, compreender as verdades reveladas pelos profetas ou médiuns, precursores da boa nova cristã.
    Mas a crença na verdade não os havia ainda libertado do erro; voltaram os dois para Jerusalém, onde se uniram aos onze apóstolos e ao narrarem a aparição do Senhor a Simão, e como o reconheceram a partir do pão, eis que Jesus no meio deles se apresenta, envolvendo-os nos eflúvios de sua paz: Pax vobis; ego sum, nolite timere. Paz seja convosco: sou eu, não temais.
    Julgando ver um ser impalpável, idêntico aos Espíritos de diversas categorias que, é certo, tinham visto muitas vezes, assustaram-se, mas Jesus, que já tinha subido ao Pai e do Supremo Criador recebera a palavra, segundo a qual deveria tornar-se não somente visível, mas ainda tangível àqueles que deviam secundar os seus pés, ordena-lhes que o toquem e considerem que "os Espíritos que lhes têm aparecido não são de carne e osso".
    Era mesmo difícil aos futuros apóstolos do Cristianismo acreditarem na materialização de Espíritos, fato que, provavelmente, até aquele momento somente três dentre eles haviam observado.
    O amado Filho de Deus não se agasta com a falta de compreensão dos doze e prefere dar-lhes provas convincentes da verdade anunciada: Tendes aqui alguma coisa que se coma? Eles apresentaram-lhe uma posta de peixe e um favo de mel, e Jesus comeu diante deles.
    Destarte ficaram preparados para receber o DOM que lhes fora prometido, ordenando-lhes o Mestre que demorassem na cidade até que fossem revestidos da força do Alto.
    O fogo de Pentecostes ainda não tinha baixado do Céu, mas o cumprimento da profecia de Joel ia ter o seu início.
    Os apóstolos precisavam receber o batismo de fogo do amor de Deus; no Cenáculo ia ter lugar a mais importante sessão espírita que a História relembra. Os médiuns de variedades de línguas, de prodígios, de maravilhas iam ser desenvolvidos e os DONS da cura, da fé, da palavra, da escrita, da ciência, de discernir os Espíritos iam ser concedidos aos discípulos para o exercício de sua elevada missão.


Livro: Parábolas e Ensinos de Jesus - Cairbar Schutel

29.12.16

O ESPÍRITO ALIENADO

Questão 377 do Livro dos Espíritos

O Espírito alienado, depois da morte física, em muitos casos continua com a impressão dos distúrbios que sofria que quando animando um corpo. É a impressão que lhe causaram as tormentas do seu passado e que o mantêm ligado às coisas na Terra.
Os nossos pensamentos se prendem onde o coração se acha ligado pelos fios dos sentimentos. A sensibilidade da alma registra o que ela pensa, vê e sente. Quantas perturbações fantasmas nós conservamos! Umas, nós assimilamos no ambiente em que vivemos; outras, nós ouvimos e outras mais, nós vemos. Necessário se faz que procuremos em tudo o equilíbrio, pois existem leis que regem a vida. Quando fugimos delas, caímos nas repartições que nós mesmos criamos. As leis naturais são o próprio Criador presente em nós, a nos advertir sobre como percorremos nossos caminhos.
O Espírito alienado é um ser possesso de pensamentos negativos que ele mesmo criou, e se faz vitima dos mesmos até que aprenda a pensar melhor. As ilusões são individuais, na grande escola de Deus para os Seus Filhos. Não queiramos modificar o que Deus criou. Ele é o sábio de todos os sábios, é a suprema inteligência criadora e nada fez, faz ou fará de errado.
Devemos ter cuidado com as muitas repetições, principalmente as más, pois elas podem ficar ligadas nas sensibilidades da alma com a mensagem que nelas imprimimos. Aí é que vem a grandeza das lições de Jesus, que nos ensinam, no Evangelho, a dar tonalidade às nossas idéias, retidão aos nossos sentimentos. Jesus foi a amplitude do perdão, exemplificando essa virtude mesmo quando na cruz. Foram suas palavras: - Pai, perdoai-lhes; eles não sabem o que fazem. (Lucas, 23-24).
O Espírito do alienado é um doente que carece de tratamento espiritual e o Espiritismo fornece o melhor medicamento para tais enfermidades que proliferam no ambiente onde se foge à educação da alma. Entremos nos festivais das virtudes e comecemos pela alegria pura; deixemos que ela invada o nosso coração, irradiando-se para os corações dos outros , de modo que possa transmutar a fé e a esperança.
O dia em que a fraternidade ligar todas as criaturas da Terra, certamente que não mais existirão nela doentes nem doenças, porque somente esse amor que Jesus ensinou é capaz de nos mostrar os caminhos da felicidade. Basta fazer a nossa parte para andarmos com Ele.
Podemos fazer alguma coisa por nós mesmos, em se falando do mundo espiritual, mesmo aqui na Terra, pois é pisando nela que sentimos todos os sentimentos todos os obstáculos a vencer. É o chamado para as lutas que devemos travar de nós mesmos, contra o orgulho e o egoísmo, fantasmas monstruosos. Já disse alhures que o maior vencedor é aquele que a si mesmo vence. Essa é uma verdade. Quem deseja vencer os outros está perdendo tempo e capacidade de lutar consigo mesmo.
O Espírito do alienado se ressente do desarranjo das suas faculdades quando do outro lado da vida, mas, pela impressão que leva, e o tempo que demora nesse estado, persiste no estado enquanto ele pensa nos seus desarranjos. A mente é força poderosa. Disse o Cristo: Onde está o seu tesouro, aí está o seu coração. (Mateus 6.21)
Se fixamos a mente em determinado pensamento, ele se torna fixo e passamos a viver a sua influência. O magnetismo pode magnetizar a si mesmo. É bom que saibamos selecionar o que ouvir e pensar, o que se ler e meditar para que não venhamos a sofrer as conseqüências do mal que guardamos nas fibras do próprio mundo íntimo.


Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

28.12.16

REVELAÇÃO – EVANGELHO - I JESUS

            282 –Se devemos considerar o Velho Testamento como a pedra angular da Revelação Divina, qual a posição do Evangelho de Jesus na educação religiosa dos homens?
         -O Velho Testamento é o alicerce da Revelação Divina. O Evangelho é o edifício da redenção das almas. Como tal, devia ser procurada a lição de Jesus, não mais para qualquer exposição teórica, mas visando cada discípulo o aperfeiçoamento de si mesmo, desdobrando as edificações do Divino Mestre no terreno definitivo do Espírito.
            283 –Com Referência a Jesus, como interpretar o sentido das palavras de João: - “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e verdade”?
         -Antes de tudo, precisamos compreender que Jesus não foi um filósofo e nem poderá ser classificado entre os valores propriamente humanos, tendo-se em conta os valores divinos de sua hierarquia espiritual, na direção das coletividades terrícolas.
         Enviado de Deus, Ele foi a representação do Pai junto do rebanho de filhos transviados do seu amor e da sua sabedoria, cuja tutela lhe foi confiada nas ordenações sagradas da vida no Infinito.
         Diretor angélico do orbe, seu coração não desdenhou a permanência direta entre os tutelados míseros e ignorantes, dando ensejo às palavras do apóstolo, acima referidas.
       

Livro “O Consolador” –  Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

27.12.16

Reciprocidade do Bem

Era uma vez um menino de nome Severino. Severino ou Biuzinho, como era comumente chamado, era um pobre das periferias. Vivia no seu barraco com os pais e mais dois irmãos. Severino nada tinha de posses. A roupa mirrada servia para tudo. Escola não ia porque faltava-lhe tudo para viver dignamente entre seus iguais.
Um dia Severino teve uma ideia: seria engraxate. Seu ofício haveria de ajudar a alimentar a si e a sua família, afinal, os trocados que ganharia não haveria de deixar-lhe passar fome, nem a si nem aos seus.
Conseguiu, às duras penas, um caixote emprestado de um amigo. Um dia, prometeu, haveria de pagar pelo empréstimo, quando pudesse. Conseguiu com um vendedor de pipas uns artefatos de trabalho. A graxa pediu, pediu mesmo, para um comerciante do bairro dizendo dos seus propósitos.
E foi Severino para o meio da cidade a se colocar à disposição dos sessentões e outros mais a dar um grau nos seus sapatos surrados. O engraçado disso tudo é que Severino lustrava os sapatos dos outros e ele mesmo não tinha o que calçar. Que vergonha sentia, mas era o jeito.
Um dia, um dos fregueses, notando a ausência de botas em Severino, perguntou qual era o número que ele calçava. Severino enrubesceu. Teria uns sapatos, mas como responder àquela pergunta se ele jamais soubera o quanto significava o numeral de seus pés. “Chutou” um número qualquer para não passar mais vergonha. Dia seguinte, o sapato estava nos seus pés. Agradeceu e encheu-se de alegria. Seu primeiro pisante, enfim. Não cabia em si. E olha que nem era tempo de natal.
Pois bem, Severino cresceu. Com muita luta, ajudou os pais inicialmente no sustento da casa. Começou a estudar e fez até a quarta série primária. Com muito esforço e trabalho, Severino ganhou a oportunidade de um emprego em uma loja de calçados. Vejam como são as coisas. Vendedor astuto, Severino se tornou rapidamente o melhor vendedor da loja. Dali, foi um pulo para se tornar gerente. Sua loja primou pelos resultados e logo era a melhor loja da rede. Um belo dia, o proprietário da rede de calçados lhe conferiu o título de gerente geral da rede. Estava velho e os filhos não queriam tocar o negócio. Foi de vento em popa e assumiu a grande responsabilidade da sua vida.
Pois bem, já feito na vida, casado, pais de filhos, vida bem melhor, eis que certo dia Severino passa pela rua e vê um fracote a lustrar sapatos dos outros. Pronto. Aquela imagem fez Severino voltar no tempo e encontrar as suas origens. Daquele dia em diante, Severino tomou uma decisão: toda vez que encontrasse um menino naquela condição iria acolhê-lo, dar um estudo, ajudar a família e uma oportunidade de aprendiz nas sapatarias da rede, criou até um programa social especial para esta finalidade.
O que aprender com o exemplo de Severino?
Severino é cada um de nós, de um jeito ou de outro. Todos passamos dificuldades na vida, elas são inerentes ao viver, mas a maneira como as enfrentamos é fundamental. O bom pensamento, o trabalho reto, a perseverança e a fé em Deus são fundamentais para reverter a situação.
Severino em dado instante utilizou dos préstimos dos outros e a maneira de agradecer, lá na frente, foi retribuir tudo com trabalho para novos iniciantes na profissão. Foi solidário, foi grato, foi justo.
Este é o preço que naturalmente se paga, sem que ninguém nos cobre, que devemos fazer nas nossas vidas, retribuir incessantemente aos outros tudo aquilo que aprendemos ou temos, porque o mundo melhor gira dessa maneira, na reciprocidade do bem. Hoje, alguém dá e outro recebe. Amanhã, aquele que recebeu doa, aí então o ciclo virtuoso do bem se estabelece.
É assim que Nosso Senhor Jesus Cristo deseja que façamos, retribuir sempre com o bem para o bem prosperar, esta é a incessante cadeia da virtude.
Neste natal de Jesus, faça apenas o bem quando esta oportunidade bater à sua porta. Mais ainda, se puder, vá ao encontro de um irmão aflito, sem ânimo, na desesperança. Faça, então, o papel de Jesus, o mesmo papel que Severino fez com a espontaneidade que deve ser e sem esperar qualquer coisa em troca.
Seja o natal de Jesus todos os dias do ano para que esta data seja apenas a celebração do bem entre irmãos.
Que Deus nos abençoe!

Helder Camara – Blog Novas Utopias

26.12.16

Dias Melhores

Dias venturosos o que vivemos. Dias de turbulência e incerteza. Dias de medo e de ação. Dias de profunda esperança.
Este arremedo de coisas nos leva a aceitar os desafios presentes e seguir adiante. O que vemos, neste pedaço de vida da humanidade, é o clamor de todos os povos por melhores dias.
Não há mais como suportar tamanha violência a reinar no planeta. O que esperar de homens que desejam o poder tão somente para se locupletarem de vaidade. São insanos, desejam glórias, loucos que estão para aprazear os seus egos.
Enquanto isso, milhares de pessoas mundo afora acorrem em fuga de suas terras natais porque são saqueadas ou porque têm medo de serem mortas por bombas perdidas ou asseclas inveterados dos verdugos do mal.
Perambulam por aí, de País em País, como se mendigos fossem, mas não são senão vítimas destes algozes infames.
Neste dia de natal de Jesus, onde somos chamados todos nós a mil reflexões, faço aqui a minha: por que Jesus ainda temos que conviver com estes irmãos em demandada loucura?
Ao mesmo tempo que enuncio esta questão, sei que a resposta bondosa do mestre nazareno apontaria para a defesa de que todos são filhos do mesmo Deus e igualmente nossos irmãos. Têm eles a chance da vitória sobre si mesmos, mas perdem a oportunidade bendita.
Sei também, mestre amigo, que eles terão oportunidade de soerguimento de suas faculdades débeis em outros planos siderais e que a Misericórdia Divina será estendida sobre eles.
Peço, no entanto, bondoso rabi, que dê forças a estes nossos irmãos que lidam com a insegurança e o medo. Que vagueiam de local em local e são abandonados ou enxotados. Rogo por eles neste dia santo.
Sei que a Misericórdia Divina também se abate sobre eles e que cada um terá, no tempo certo, o apaziguamento de suas dores, mas, enquanto este dia não chega, oro e peço por eles porque sofrem dor tamanha.
Mestre nazareno, tu que também fostes um destes retirantes, bem sabes o que significa não ter um lar para ir ou uma cama para dormir. Tu sabes o que é ser rejeitado e ficar a esmo pelo mundo. Portanto, sabes muito bem o valor desta minha rogativa.
Neste dia atribuído a tua nascença entre nós como ser humano em corpo físico, bendigo a tua estada que nos trouxe a fé e a esperança de dias melhores.
O que seria de nós e de toda a humanidade se o filho de Deus não viesse a nos dar o testemunho da vida eterna?
Sei que és complacente com todos e desejas o nosso melhor, então, te suplico, neste dia, pelos sem casa e teto e pelos sem comida.
É tão difícil ver tantos de nossos irmãos, querido mestre, a penar sem ter o que fazer e para onde ir. É doloroso para a alma vermos tanta injustiça na distribuição dos bens. É tão chocante verificar que aqueles que poderiam fazer algo por nós nada fazem e, ao contrário, surrupiam o que é de todos.
De nossa parte, o compromisso com a luta infinda.
De nosso coração, emerge a compaixão eterna.
De nossa mente, imagino a tua presença amiga a todos amparar.
Amigo maior, bendito sejas entre nós.
Que o teu aniversário seja o motivo maior para que toda a humanidade se encha de fé e coragem para mudar definitivamente este destino cruel para um planeta de bondades e justiça.
Deus nos ampare nestes propósitos.
Amém!

Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal

25.12.16

PREENCHENDO OS VAZIOS DO ESPAÇO

    Os astrônomos, sondando o espaço, encontraram, na distribuição dos corpos celestes, lacunas não justificadas e em desacordo com as leis do conjunto; eles supuseram que essas lacunas deveriam estar ocupadas por globos que escaparam à sua observação; de outro lado, observaram certos efeitos dos quais a causa lhes era desconhecida, e disseram a si mesmos: Ali deve haver um mundo,  porque essa lacuna não pode existir e esses efeitos devem ter uma causa. Julgando, então, da causa pelo efeito, puderam calcular os elementos, e mais tarde os fatos vieram justificar  as  suas previsões.
      Apliquemos esse raciocínio a uma outra ordem de ideias. Se se observar a série dos seres, verifica-se que eles formam uma cadeia sem solução de continuidade, desde a matéria bruta, até o homem mais inteligente. Mas entre o homem e Deus, que é o alfa e o ômega de todas as coisas, que imensa lacuna! É racional pensar que nele terminam os anéis dessa cadeia? Que ele transponha, sem transição, a distância que o separa do Infinito? A razão nos diz que entre o homem e Deus deve haver outros escalões, como disse aos astrônomos que entre os mundos conhecidos devia haver mundos desconhecidos. Qual é a filosofia que preencheu essa lacuna? O Espiritismo no-la mostra ocupada pelos seres de todas as posições do mundo invisível, e esses seres não são outros senão os Espíritos dos homens que atingiram os diferentes graus que conduzem à perfeição; então tudo se liga, tudo se encadeia, desde o alfa até o ômega. Vós, que negais a existência dos Espíritos, preenchei, pois, o vazio que eles ocupam; e vós que rides deles, ousai rir das obras de Deus e de sua onipotência.
    

Livro: Livro dos Espíritos - Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita - ALLAN KARDEC

24.12.16

QUANTO PUDERES

    Quanto puderes, não te afastes do lar, ainda mesmo quando o lar te pareça inquietante fornalha de fogo e aflição.
    Quanto te seja possível, suporta a esposa incompreensiva e exigente, ainda mesmo quando surja aos teus olhos por empecilho à felicidade.
    Quanto estiver ao teu alcance, tolera o companheiro áspero ou indiferente, ainda mesmo quando compareça ao teu lado, por adversário de tuas melhores esperanças.
    Quanto puderes, não abandones o filho impermeável aos teus bons exemplos e aos teus sadios conselhos, ainda mesmo quando se te afigure acabado modelo de ingratidão.
    Quanto te seja possível, suporta o irmão que se fez cego e surdo aos teus mais elevados testemunhos no bem, ainda mesmo quando se destaque por inexcedível representante do egoísmo e da vaidade.
    Quanto estiver ao teu alcance, tolera o chefe atrabiliário, o colega leviano, o parente desagradável, ou o amigo menos simpático, ainda mesmo quando escarneçam de tuas melhores aspirações.
    Apaga a fogueira da impulsividade que nos impele aos atos impensados ou à queixa descabida e avancemos para diante arrimados à tolerância porque se hoje não conseguimos realizar a tarefa que o Senhor nos confiou, a ela tornaremos amanhã com maiores dificuldades para a necessária recapitulação.
    Não vale a fuga que complica os problemas, ao invés de simplificá-los.
    Aceitemos o combate em nós mesmos, reconhecendo que a disciplina antecede a espontaneidade.
    Não há purificação sem burilamento, como não há metal acrisolado sem cadinho esfogueante.
    A educação é obra de sacrifício no espaço e no tempo, e atendendo à Divina Sabedoria, - que jamais nos situa uns à frente dos outros sem finalidade de serviço e reajustamento para a vitória do amor -, amemos nossas cruzes por mais pesadas e espinhosas que sejam, nelas recebendo as nossas mais altas e mais belas lições.


Livro: Coragem - Francisco C Xavier – Emmanuel.

23.12.16

MINHAS PROFECIAS E VIDÊNCIAS PARA 2017

Com cerca de cem mil voos diários, em todo o mundo, é provável que, infelizmente, um avião, transportando pessoas mais ou menos ilustres, venha a cair...
Nomes conhecidos, em todos os seguimentos culturais, que já contem com mais de sete ou oito, ou mesmo nove, décadas de vida, haverão de desencarnar...
Atentados terroristas, ceifando milhares de vítimas inocentes, continuarão a acontecer, principalmente nos países sem a vigilância necessária a fim de coibi-los com veemência...
Embora todos os esforços de algumas lideranças, o fanatismo religioso, responsável pelas guerras mais sangrentas da história, prosseguirá atuante...
Com relação à defesa do meio ambiente, os países mais poluidores assinarão novos tratados que, dificilmente, haverão de cumprir, com a Amazônia, a cada dia, sendo mais devastada...
O rio Tietê, e outros, não serão despoluídos em 2017, e o metrô, em São Paulo, não ficará pronto, e nem as rodovias, com os seus imensos buracos serão remendadas...
Na África, milhares de crianças morrerão desnutridas, e o número que aponta cerca de um bilhão de pessoas que passam fome no mundo, não sofrerá alteração significativa...
O tráfico de drogas e de armas, que hoje é dos negócios mais rentáveis, continuará rendendo milhões de dólares às organizações criminosas, da qual fazem parte nomes insuspeitos...
A corrupção, principalmente no Brasil, estará muito longe de ser extinta, e velhos políticos mortos, arraigados ao poder, ainda tentarão ressuscitar da tumba...
O preconceito contra as minorias não recuará o que se espera, e os seus infelizes representantes pagarão caro por, simplesmente, terem nascido como nasceram...
A loucura, manifestando-se com várias terminologias, há de mostrar-se cada vez mais evidente naqueles que não ligam qualquer importância aos assuntos de natureza espiritual...
No setor econômico, os pobres estarão cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos, com os que nunca passaram fome na vida considerando mera Campanha de Cesta Básica uma demagogia...
Em alguns lugares do planeta, teremos, sim, furacões e nevascas, enquanto enchentes e secas em outros, com vários tremores sísmicos derrubando construções e fazendo vítimas...
Os mercadores da crença religiosa, caso também não venham a ser alcançados pela “Operação Lava Jato”, trocarão de jatinhos e comprarão novas glebas de terra, com centenas de cabeças de gado...
Nas favelas e nas penitenciárias, o crime organizado prosseguirá desafiando a ordem social, que, no Brasil, é desordem social, ante o descaso da própria polícia...
Em 2017, haverá necessidade de que sejam construídas mais penitenciárias que escolas e hospitais no Brasil, com o genocídio na educação e na saúde continuando a ser praticado livremente pelos políticos...
Infelizmente, em quase todos os países do mundo o índice de suicídio e o número de abortos ilícitos mostrar-se-ão crescentes, atingindo a situação de calamidade...
E, por fim:
Muitos continuarão sendo os chamados e poucos os escolhidos!...
.......................................................................................................................
Ah, já ia me esquecendo de importante profecia: dos religiosos em geral, os muçulmanos continuarão os mais fundamentalistas, os evangélicos os mais fanáticos, os católicos os mais ingênuos e os espíritas os mais personalistas.

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 19 de dezembro de 2016.

22.12.16

PORQUE QUERES

   Que os Espíritos burlões e maus perturbam os homens, nisto comprazendo-se, não há dúvida.
    Lúcidos e folgazões, frívolos quão perversos, prosseguem, além do corpo, consoante foram antes
da desencarnação.
    Invejando ou odiando aqueles que se esforçam e se esmeram para evoluir, intentam, por todos os meios possíveis, envolvê-los nas suas redes e tramas sórdidas.
    Inspiram, aturdem, criam situações embaraçosas, insistindo na manipulação dos seus objetivos infelizes, entregando-se a tais misteres nos quais se creem realizados.
    Turbados e ignorantes em relação às Leis da Vida, supõem-se "braços da Justiça" ou livres para agir conforme as próprias aspirações.
    Interferem, desse modo, na conduta humana, os Espíritos zombeteiros e impiedosos, gerando sofrimentos.
    Há, naturalmente, em todo intercâmbio, uma reciprocidade de sintonia.
    A lei de identidade moral e emocional responde pela comunhão de ideias entre aqueles que participam do mesmo conúbio.
    Mantenha o indivíduo um salutar padrão mental e comportamental superior, e, de forma alguma, os Espíritos, doentes e ignorantes, encontrarão campo para os seus desideratos perniciosos.
    Em toda área de comunicação a mensagem somente é recebida por quem lhe permanece na faixa de registro.
    Ante, portanto, a intermitente perseguição espiritual, defrontamos um agente atuante e um paciente agradavelmente receptivo.
    Isto, porém, ocorre contigo, porque o queres...
    Ergue-te, mentalmente, acima das faixas vibratórias, nas quais se movimentam os Espíritos vulgares e impuros.
    Resguarda-te do pessimismo e da suspeita, que são fatores propiciatórios para o desequilíbrio.
    Consolida as disposições felizes, no íntimo, mentalizando o Bem e a ele entregando-te, a fim de pairares em clima superior de paz.
    Medita e ora, agindo corretamente, e, se algo, ainda assim, te acontecer, compreende que é um episódio fortuito da vida, que não te merecerá maior consideração.
    O processo, no qual te encontras engajado, é de evolução; resolve-te por avançar, sem as contramarchas tormentosas.
    Ascendendo psiquicamente e harmonizando-te emocionalmente, far-te-ás respeitado pelos Espíritos perturbadores que, mesmo intentando molestar-te, não encontrarão receptividade da tua parte.
    Recorda-te, por fim, de Jesus.
    Quem O encontrou, descobriu um tesouro luminoso, e, enriquecendo-se com Ele, jamais tropeçará em sombra e aflição.
    Impregna-te dEle, e sê feliz, sem mais controvérsia.


Livro: Vigilância - Divaldo P Franco - Joanna de Ângelis

21.12.16

LOUCURA E SUICÍDIO

Questão 376 do Livro dos Espíritos

Em alguns casos a loucura realmente leva a criatura ao suicídio. Deve se ter em conta os caminhos tomados por ela no passado; se usou suas faculdades para o incentivo à loucura dos outros, certamente que as reações do que fez dos seus dons refletirá em seu caminho e aí vem a vestir novo corpo deficiente, acabando por tirar a sua própria vida física. É o tribunal da consciência em chamas que pede reparos e a alma, na aflição, pensa que, em se matando, estará livre das distorções que fez nos caminhos alheios.
O caso de Judas Iscariotes foi um deles: as moedas queimaram-lhe as mãos e ele achou que encontraria no suicídio a paz que deveria buscar, acompanhando o Mestre, mas, o tempo fê-lo reparar seu desrespeito à vida em muitas reencarnações, e hoje se encontra na serenidade de Deus, trabalhando em favor da humanidade, para que essa compreenda o valor dos gestos do Cristo, da palavra e do mesmo silêncio do Divino Senhor.
A cabeça de um louco é um mundo de deduções constantes, e ele tem momentos de reflexões sadias, dentro das quais mistura o passado com o presente e busca, por vezes, o futuro. Nessa desordem mental ele se sente constrangido e faz todos os esforços, na sua limitação, para sair da opressão, e às vezes tomam caminhos que pioram a situação.
Ainda existem os que expõem sua loucura com a aparência de serenidade, e desculpas de que estão defendendo a pátria, a terra que lhes serviu de berço, etc.. A ideia de defesa transforma-se em orgulho e egoísmo, estragando vidas e destruindo possibilidades de os outros crescerem e se amarem. Despeja-se o inflamável do ódio, e risca-se o fósforo da violência. Esses são os maiores loucos da história, os fazedores de guerras. E quando o tempo começa a educá-los, eles mudam de estratégia, passam a fazer guerra fria, oprimindo os mais fracos, invadindo países e saqueando-lhes os celeiros. É nesse ponto que o Evangelho lhes pergunta: “Para que ajuntar tanto, se amanhã o Senhor lhe pedirá a alma?”. Esse procedimento de grande parte da humanidade é um suicídio lento. Esquecendo o mandamento da lei, não matarás, eles matam tudo com instrumentos de guerra cada vez mais melhorados e renovados, verdadeiros engenhos de destruição. Mas a natureza vai começar a responder e quem fez ou cooperou para a explosão das guerras irá responder por suas desordens. Eis aí o “choro e ranger de dentes”.
O suicídio no mundo tomou proporções indescritíveis; é a resposta dos pensamentos criados pelos próprios suicidas do passado. A opressão das sementes do mal laçadas por eles é tanta que eles não suportam a opressão da força que emitiram para destruição, e elas voltaram para arruinar os destruidores. Ninguém engana a lei de justiça, porque Deus é amor. O Espírito passa a sofrer o constrangimento do modo que constrangeu aos outros, e somente paga o que deve na pauta da vida. Quem não plantou, como pode colher?
A Doutrina dos Espíritos é Jesus voltando para toda a humanidade, por misericórdia de Deus, desdobrando esforços, de sorte a ensinar novamente aos povos o que é amar, e como se deve comportar para viver feliz.


Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

20.12.16

POR AMOR

            Embora o culto dos antepassados seja de todos os tempos, encontramos o amor ao corpo, ultrapassando as diretrizes do equilíbrio, imortalizado em monumentos mortuários que têm vencido os séculos.
            Entre os egípcios, que acreditavam no retorno da alma, erigiram-se pirâmides fabulosas que guardam, na intimidade, os despojos dos faraós, cercados de ouro e pertences de valor incalculável.
            Embalsamentos científicos, seguindo rituais sagrados, defendiam as vestes físicas contra os estragos do tempo e a decomposição.
            Sarcófagos esculpidos em granito ou fundidos no bronze eram revestidos de lápis-lazúli e ouro, onde se engastavam gemas preciosas para o último repouso da carne devidamente mumificada.
            Câmaras mortuárias semelhantes a palácios esplêndidos eram erigidas em toda parte.
            Exorcismos complicados e oferendas suntuosas eram dirigidas aos Espíritos, para defenderem os despojos carnais da volúpia dos vampiros do Mundo Espiritual.
            E todo um cerimonial complexo e demorado envolvia a memória dos mortos, em nome do amor, retendo-os nas masmorras, escravizados às jóias frias e aos metais duros, que não mais lhes valiam de moedas para a aquisição da felicidade.
            A História conhece, nesses monumentos arquitetônicos, a narrativa silenciosa dos excessos da emoção afetiva, convertida em paixão e loucura.
            Por amor, Artemísia, viúva do rei Mausolo, da Caria, mandou erigir, em Halicarnasso, o túmulo suntuoso que se transformou numa das maravilhas do mundo antigo, dando origem à palavra mausoléu.
            Por amor a si mesmo, Asa, rei de Israel, fez construir para os próprios despojos uma colossal tumba na Cidade de Davi.
            Superestimando o próprio corpo, em nome do amor, Adriano, rivalizando com a imponência dos túmulos afro-asiáticos, edificou um suntuoso palácio mortuário, às margens do Tibre, hoje denominado Castelo de Santo Ângelo.
            O Taj-Mahal, erigido perto de Agra, reflete o Amor do imperador Xá Kjiham à memória de sua mulher, a sultana Nurmahal, transformando-se no mais formoso edifício da arte muçulmana, que deslumbra o mundo. As cortinas rendadas, em mármore de Carrara esculpido, parecem finos tecidos por onde a luz, coada artisticamente, derrama jatos irisados.
            Mesmo em Israel, o país do "Deus Único", as longas estradas guardam as tumbas de muitos de seus profetas.
            No continente sul-americano, como nas Américas Central e do Norte, incas e astecas edificaram, para os mortos, cidades que constituem ainda mistérios para a Arqueologia, distinguindo-se principalmente os maias, cujas famosas pirâmides existentes em Mitla, Uxmal e Chichen-Iza, erigidas para túmulos, são dos mais admirados monumentos do Novo Mundo.
            Com Jesus, o triunfador do sepulcro vazio, o panorama se modifica, porém.
            Os mártires, dos primeiros séculos de fé, tiveram os corpos guardados em humildes criptas nas necrópoles abandonadas, em que o amor exaltava a vida imperecível, através de dísticos da saudade e da confiança, que ainda hoje sensibilizam.
            Todavia, para o próprio Rabi, o Cristianismo, quando se paganizou, construiu igreja adornada de metais preciosos e pedra caras, imortalizando o lugar de sua sepultura vazia, por Ele abandonada desde a madrugada do terceiro dia, para atestar ser Ele próprio a Ressurreição e a Vida...
            E, desde então, novos palácios em formas de mausoléus grandiosos voltaram a ser erigidos, a fim de guardarem as cinzas e o pó dos que partiram...
            Com Allan Kardec, que desdobrou as paisagens da vida imortal ao homem atônito do século XIX, a sepultura perdeu o mistério que a envolvia e o amor se libertou da carne para voltar-se em direção do Espírito imperecível.
            Não mais homenagens aos despojos, que para nada servem.
            Nem obras de arte para glorificar aquele que talvez esteja de volta, novamente, no torvelinho da carne...
            Nem perfumes que se transformarão em miasmas.
            Nem débeis círios que não clareiam a consciência.
            Nem ritos pomposos que não conduzem a fé aos ignotos recessos do Espírito...
            É por esse motivo que os discípulos da Terceira Revelação, materializando seu amor ao infatigável obreiro que foi Allan Kardec, doaram a seu corpo no Père Lachaise o singelo dólmen que, simbolizando o caráter granítico do Codificador, é encimado pelo lapidar conceito: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a Lei", expressando que o herói, após a cruenta batalha, ali não mais está.


Livro: "À Luz do Espiritismo" - Divaldo P. Franco - Vianna de Carvalho

19.12.16

PONDERAÇÃO

Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor - Paulo (Filipenses, 4:5).

         Na carta aos filipenses, Paulo destaca o nome de duas mulheres convertidas ao Cristo, dedicadas à Boa Nova: Evódia e Síntique. Ele propõe às novas companheiras de fé um roteiro muito interessante nos caminhos dos iniciantes: que elas se moderassem em tudo que tivessem de realizar; que pensassem, com discernimento, em qualquer atitude e que se propusessem a ser apenas instrumentos do Pai; que elas não se esquecessem da ponderação, dando, com isso, tempo para que as bênçãos de Deus, através da consciência, chegassem antes que iniciassem qualquer erro, colocando a igreja em dificuldade.
         Paulo era como que a vigilância do Cristianismo nascente, nas cercanias por onde transitava e onde funcionavam os templos, organizados pelos discípulos de Jesus. Suas epístolas sempre chegaram na hora certa, alertando os irmãos.
         A advertência de Paulo às duas mulheres filipenses é de grande utilidade para a humanidade inteira, não somente nas hostes religiosas, como também no trato com o comércio na alimentação, no vestuário e no vasto continente da educação humana. Onde não há moderação desaparece a beleza; onde não há ponderação, o sentido das coisas se esvai e elas perdem o equilíbrio.
         Sê moderado no falar, para que suas palavras não criem dificuldades para os outros, convertendo-se, com o tempo, em problemas para si mesmo.
         Sê ponderado no andar, porque, em muito casos, muita pressa é sinal de que pouco se realiza.
         Sê moderado no vestir; a moda, no seu apuro total, pode lhe trazer dificuldades de difícil reparo.
         Sê ponderado ao analisar os seus semelhantes, lembrando-se de que os homens da Terra estão longe da perfeição e que você também a habita.
         Sê moderado ao alimentar-se, porque quem vive só para comer dificilmente aprende a comer para viver.
         A moderação, até nos pensamentos, é fator preponderante; a agitação na mente assinala loucura para o futuro.
         Geralmente, a atitude de quem está iniciando em qualquer atividade é de ansiedade ou de demasiada paciência, e ambas atitudes nos causam prejuízos. Portanto, o aviso de Paulo é de utilidade coletiva: não apóia nenhum dos extremos, mas pede moderação, sinônimo do equilíbrio.
         O homem moderado é o mais inteligente, pois mesmo errando, o seu fardo é mais leve do que o daqueles que ainda desconhecem a força dessa virtude. Ponderando e moderando, chegaremos ao clima da prece, acertando mais.
         Deus só nos ajuda mais diretamente através dos espíritos superiores, quando abrimos as portas do coração pela nossa própria vontade. E as chaves que nos colocam em condições de travessia por essas entradas, só o Evangelho nos fornece.
         Com a grande ciência do amor, Jesus predispõe o espírito à felicidade. Quando se evidenciou a dificuldade do ser espiritual em amar no verdadeiro sentido da palavra, foi dado surgimento a um código, com variedades de formas para chegar até ao amor.
         E Paulo usa todos esses meios fornecidos pelo Evangelho, em se tratando da educação espiritual dos seus companheiros, como o fez às duas mulheres filipenses: "Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor".
         Certo é que, ao coração ponderar sobre tudo o que pretende realizar, o clima de prece está feito. O pedido de ajuda no campo da solução dos problemas já foi mentalizado e o espírito, mesmo inconscientemente, está pedindo socorro, por intermédio da poderosa força do pensamento, e a promessa do "Pedi e obtereis" se cumpre, por ordem dos Céus, aos espíritos da Terra! E é, certamente, o Senhor que se aproxima.
         Paulo era conhecedor de tudo isso, porém, não poderia explicar detalhadamente aos seguidores do Cristo essas particularidades. Eles não iriam compreender, de imediato, a ciência transcendental do amor, e o valor imensurável da moderação nos labores de cada dia.
         Ainda não era tempo, para todos, de validade da fé somente pela razão. Cumpria-lhes exercitar as virtudes ensinadas e vividas pelo Mestre Inconfundível.
         Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.


O Mestre dos Mestres - João Nunes Maia - Miramez

18.12.16

Petição do Natal

       Senhor Jesus!...
        Ante o Natal agradecemos
        A enorme evolução que nos permites.
        Iluminaste a inteligência humana
        Para vitórias quase sem limites.

Nunca subimos tanto!...Num minuto.
Nações se comunicam, polo a polo...
O homem revolve a Terra, em toda parte,
Desde as grimpas do Espaço às entranhas do Solo.

        Entretanto, Senhor,
         Enquanto o carro do progresso avança,
        Atropelando as multidões do mundo,
        Surge a dor na carência de esperança.

Pela força dos Céus, tão alto nos elevas,
E lutamos ainda em conflitos extremos...
Concede-nos, no amor com que nos guardas,
A proteção da paz que ainda não temos.

        Natal...Ouve, Jesus as trompas de ouro
        Que te exaltam na Terra os dons divinos!...
        Com o amparo de Deus, tão grandes nos fizeste!
        Ensina-nos, Senhor, como ser pequeninos!...

Maria Dolores

(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 17 de setembro de 1983, em Uberaba, Minas)

17.12.16

TRISTEZA EGOÍSTA

Se você se encontra triste,
Repara ao seu derredor,
A situação de quem vive
Padecendo um mal maior...

Pensa em quem está lutando
No escuro em que se esgueira,
Privado de toda luz
Na provação da cegueira...

Em quem não consegue andar
Devido à paralisia,
Que o mantém atado ao leito
Em permanente agonia...

Em quem está mendigando,
Na carência que suporta,
Simples pedaço de pão
Batendo de porta em porta...

Em quem, de mente obtusa,
Sequer possui lucidez,
Para uma só palavra
Repetir de vez em vez...

Em quem sofre tentação
Que quase nunca se acalma,
Sempre em grande desespero
Nas reentrâncias da alma...

Não pense que a sua dor
Seja aquela que dói mais,
Pois no próprio sofrimento
Há quem se queixe demais...

Busca olhar à sua volta
Vencendo o personalismo,
Que na tristeza, por vezes,
Também existe egoísmo!...

Eurícledes Formiga

(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã do dia 7 de dezembro de 2016, em Uberaba – MG).

16.12.16

PARTICIPAÇÃO NA FELICIDADE

    Quando alguém chora acoimado por este ou aquele problema, fácil é participares do seu drama, dilatando esforços para diminuir-lhe o padecimento.
    Ante a fome ou a enfermidade experimentas o apelo aos elevados sentimentos que te concitam à ajuda automática e rápida.
    Sem dúvida todo socorro que se oferta a alguém que sofre é de relevante significação.
    Caridade, sim, a dádiva material e o gesto moral de solidariedade.
    Indispensável, porém, não te deteres na superfície da realização.
    Há os que são solidários na dor, assumindo a posição de benfeitores, em lugar de realce com o que se realizam interiormente.
    Todavia, quando defrontam amigos em prosperidade, companheiros em evidência, conhecidos em situação de relevo, deixam-se ralar por mágoa injustificável, transformando-se em fiscais impenitentes e acusadores severos que não perdoam a ascensão do próximo.
    Ressentimentos se acumulam nas paisagens íntimas, e, azedos, referem-se ao êxito alheio, vencido por torpe inveja.
    Não sabem o preço do triunfo de qualquer procedência, quando na Terra.
    Ignoram os contributos que deve doar todo aquele que se alça a situação de destaque.
    Farpas de maledicência e doestos do ciúme, perseguição sistemática disfarçada de sorrisos, ausência de amigos legítimos tornam as ilusórias horas douradas do homem de relevo em momentos difíceis de ser vencidos.
    Assume posição diferente.
    Sem que te faças interessado no que ele tem ou é, rejubila-te com o progresso de quem segue contigo.
    Quando alguém se eleva, com ele se ergue toda a Humanidade. Quando cai é prejuízo na economia moral do planeta.
    Solidário na dificuldade do teu irmão, participa dos júbilos do teu próximo para que a ingestão do veneno do despeito e do tóxico da animosidade não te destrua a alegria de viver.
    Ser feliz com a felicidade alheia é também forma de caridade cristã.


 Livro: Leis Morais da Vida - Divaldo P Franco - Joanna de Ângelis

15.12.16

A LOUCURA

Questão 375 do Livro dos Espíritos

O pensamento tem uma grande função no Espírito, a de despertar, nas entranhas da alma, as qualidades espirituais em forma de talentos de luz, onde Deus depositou todo Seu amor.
O pensamento, em seus fundamentos, vem de Deus como força divina, de modo que o ser humano, ou mesmo o Espírito livre, plasme nele o que ele, Espírito, é, na conjuntura que a escala a qual atingiu oferece. Torna-se semente, de forma que somos responsáveis pelo que semeamos.
A loucura é uma distorção da força mental em uma ou várias reencarnações. Ela não tem o poder de desequilibrar o Espírito, que é todo harmonia, por ter saído da harmonia superior, mas, causa-lhe impressões, como que condicionamento das ideias que o próprio Espírito formula. As ideias são filhas de quem as faz, só que não têm o poder de desarmonizar as fibras mais intimas da alma. São como sugestões que levam ao desequilíbrio alguns corpos que servem ao Espírito como veste, e formam um clima de perturbação onde vive a alma.
Estamos tentando dizer que a obra de Deus é perfeita; a razão pura nos diz que de mãos perfeitas não pode nascer imperfeição. O Espírito foi criado simples e ignorante, porém, com todos os recursos de se tornar um pequeno sol diante da criação; é neste sentido que quase sempre trocamos a palavra evolução por despertamento dos dons da alma. O Espírito ao receber um corpo, se esse traz alguma deficiência, sofre o empecilho, de modo que suas faculdades sejam reduzidas ou mesmo paralisadas. Ele não perde os seus dons, que são imperturbáveis na sua moradia de origem.
Se uma pessoa perde a vista, o dom de enxergar fica suspenso enquanto os olhos não lhes deem esses meios livres de observar o ambiente material; assim acontece com os ouvidos, a palavra, etc.. A loucura é um estado patológico deficiente; o cérebro em decadência não pode dar ao Espírito condições normais de expressar com serenidade a sua inteligência , no entanto, nos diz “O Livro dos Espíritos” que, em muitos casos, o Espírito livre mantém-se louco por causa da sequência de ideias desorganizadas que repetiu durante a existência toda. É pois, o condicionamento de pensamentos inferiores, da violência, que criaram ambiente no Espírito sem, violentar, definitivamente, a sua intimidade.
Também pode o Espírito reencarnar e dar continuidade à sua loucura que, nesse caso, será puramente psicológica, visto que o cérebro físico mostra a deficiência. São casos registrados pela própria ciência e em alguns livros espíritas.
Em todas as manifestações dessas doenças o desorganizado é sempre o corpo, mas, é bom que se compreenda que esse corpo tem certa influência na mente viva da alma, impressionando-a a ponto de mostrar enfermidades imaginárias. Essas são de fácil cura, principalmente pela Doutrina dos Espíritos, que fornece meios de limpeza dessas ideias chamadas fixas, em profunda sintonia com o Criador delas. O passe e a água fluidificada, as leituras elevadas, e mesmo a conversação com irmãos de elevada postura espiritual, são meios de tratamentos de todas as enfermidades.
De qualquer maneira, a loucura é uma provação dolorosa, entrementes, ninguém foi criado louco. Isso são consequências de caminhos agitados tomados pela alma na sua ignorância, com menosprezo pelas leis de Deus. Sofremos por ignorar, e sofremos mais por conhecermos os caminhos da Luz e escolhemos os das trevas. De qualquer modo, somos mais ou menos conscientes da vontade de Deus em nós. Todas as consciências são celeiros de luz dentro das almas.
Quando o Espírito se libertar de todas as impressões materiais, de todas as paixões da Terra, ele estará se aproximando da verdade; passando a vivê-la, tornar-se-á livre.


Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

14.12.16

REVELAÇÃO – PROFETAS - III

279 –Os profetas hebraicos representavam o papel de sacerdotes dos crentes da Lei?
 -Em todos os tempos houve a mais funda diferença entre sacerdócio e o profetismo.
 Os antigos profetas de Israel nunca se caracterizaram por qualquer expressão de servilismo às convenções sociais e aos interesses econômicos, tão ao gosto do sacerdócio organizado, em todas as eras e em todos os lugares.
 Extremamente dedicados ao esforço próprio, não viviam do altar de sua fé, mas do trabalho edificante, fosse na indumentária dos escravos oprimidos, ou no insulamento do deserto que as suas aspirações religiosas sabiam povoar de um santo dinamismo construtivo.
 280 –Os profetas do Cristo têm voltado à esfera material para trazer aos homens novas expressões de luz para o futuro da Humanidade?
 -Em tempo algum as coletividades humanas deixaram de receber a sublime cooperação dos enviados do Senhor, na solução dos grandes problemas do porvir.
 Nem sempre a palavra da profecia poderá ser trazida pelas mesmas individualidades espirituais dos tempos idos; contudo, os profetas de Jesus, isto é, as poderosas organizações espirituais dos planos superiores, têm estado convosco, incessantemente, impulsando-vos à evolução em todos os sentidos, multiplicando as vossas possibilidades de êxito nas experiências difíceis e dolorosas. É verdade que os novos enviados não precisarão dizer o que já se encontra escrito, em matéria de revelações religiosas; todavia, agem nos setores da Ciência e da Filosofia, da Literatura e da Arte, levantando-vos o pensamento abatido para as maravilhosas construções espirituais do porvir. Igualmente, é certo que os missionários novos não encontram o deserto de figueiras bravas, onde os seus predecessores se nutriam apenas de gafanhotos e de mel selvagem, mas ainda são obrigados a viver no deserto das cidades tumultuosas, entre corações indiferentes e incompreensíveis, cercados pela ingratidão e pela zombaria dos contemporâneos, que, muitas vezes, lhes impõem o pelourinho e o sacrifício.
 O amor de Jesus, todavia, é a seiva divina que lhes alimenta a fibra de trabalho e realização, e, sob as suas bênçãos generosas, as grandes almas solitárias atravessam o mundo, distribuindo a luz do Senhor pelas estradas sombrias.
 281 –A leitura do Velho Testamento e do Evangelho, nos círculos familiares, como é de hábito entre muitos povos europeus, favorece a renovação dos fluídos salutares de paz na intimidade do coração e do ambiente doméstico?
 -Essa leitura é sempre útil, e quando não produz a paz imediata, em vista da heterogeneidade de condições espirituais daqueles que a ouvem em conjunto, constitui sempre proveitosa sementeira evangélica, extensiva às entidades do plano invisível, que a assistem, sendo lícito esperar mais tarde o seu florescimento e frutificação.


Livro “O Consolador” –  Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

13.12.16

DESENCARNAÇÕES COLETIVAS


(Fragmentos de uma Reflexão)

* Nem sempre desencarnações coletivas dizem respeito a resgates coletivos.
* Muitas vezes, a falta de mérito espiritual pode nos levar a situações que, redundando em nossa desencarnação, dizem respeito à nossa imperfeição espiritual, e não propriamente a resgate cármico específico, dessa ou daquela falta que tenhamos cometido em existências pregressas.
* Quando um espírito ainda necessite cumprir com determinada tarefa na Terra, iniciando-a ou, então, dando sequência a ela, as Leis Divinas podem se movimentar no intuito de subtraí-lo a situações que o impediriam.
* Muitos espíritos que, na chamada desencarnação coletiva, deixam o corpo, não deixam de beneficiar a Humanidade encarnada, porquanto, a partir do episódio que culminou com o seu desenlace, os homens procuram aprimorar a sua vida social.
* Sabe-se, por exemplo, que, não raro, a desencarnação considerada precoce de um espírito induz o seu grupo familiar a reflexões que possibilitam o seu amadurecimento, o que, em circunstâncias “normais”, talvez, demorasse muito mais tempo.
* A visão que o espírito, enquanto encarnado, possui da chamada morte, é diferente daquela que ele vem a possuir quando se reconhece liberto do jugo da matéria, sendo que o que interpreta por prejuízo pode vir a lhe resultar em lucro.
* Na maioria das vezes, quando vitimado em situação de violência – exceto se possuidor de determinado grau de lucidez – o espírito requisita tempo mais ou menos longo para conseguir situar-se dentro de sua nova realidade existencial.
* Assim como, na Crosta, as comunidades encarnadas se movimentam para socorrer as vítimas de uma catástrofe, socorrendo a feridos e “mortos”, claro que, do Outro Lado da Vida, as comunidades desencarnadas se colocam em ação para amparar os espíritos recém-chegados, entrando em contato com os seus familiares domiciliados nas mais diferentes regiões do Mais Além para que possam vir ao seu encontro.
* Vale lembrar a resposta que os Espíritos Superiores deram a Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, sobre a questão 738-a, falando sobre “Flagelos Destruidores”: - “Nesses flagelos, porém, o homem de bem sucumbe como os perversos; isso é justo?” - “Durante a vida, o homem relaciona tudo ao seu corpo, mas após a morte pensa de outra maneira, e como já dissemos: a vida do corpo é um quase nada; um século do vosso mundo é um relâmpago na eternidade. Os sofrimentos, pois, do que chamais alguns meses ou alguns dias, nada são. Apenas um ensinamento que vos servirá no futuro. Os Espíritos, que preexistem e sobrevivem a tudo, eis o mundo real. (...)”
* Logo a seguir, respondendo à questão de número 738-b: - “Mas as vítimas desses flagelos nem por isso são menos vítimas?”, os Espíritos disseram: - “Se se considerasse a vida por aquilo que ela é, e quanto é insignificante em relação ao infinito, menos importância se lhe atribuiria. Essas vítimas terão numa outra existência uma larga compensação para os seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem murmurar.”
* E a questão 739, do livro básico da Codificação: - “Esses flagelos destruidores têm uma utilidade do ponto de vista físico, malgrado os males que ocasionam?” Resposta: - “Sim, eles modificam algumas vezes o estado de uma região; mas o bem que deles resulta não é geralmente sentido senão pelas futuras gerações.”
* Seria, então, de bom alvitre, que os medianeiros em geral, procurassem evitar o oportunismo que certos acontecimentos parecem facultar-lhes, no que tange ao contato com os recém-desencarnados que neles pereceram, em situações que induzem à coletividade humana à comoção, para que, através de sua precipitação, no anseio de auxílio aos que ficaram o Espiritismo não venha a se expor ao ridículo perante a opinião pública.
* Conforme deduzimos, as desencarnações coletivas podem, simplesmente, não passar de experiências coletivas, num orbe de provas e expiações qual é a Terra, em que todos os que nela se encontram encarnados vivem expostos às circunstâncias do meio.

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 12 de dezembro de 2016.