8.1.17

Outra Lei

As questões teológicas, muitas vezes, não conseguem justificar certos acontecimentos da vida diária, pois a realidade nos surpreende com tanta força que não encontramos explicações para o que ocorre.
Nesta semana, início de um novo ano, nos deparamos com um fato tenebroso: o assassinato em série de irmãos que viviam num mesmo teto de presídio.
Todos acordaram com a notícia e, finda a explicação do que ocorreu, eis que nos deparamos com mais um presídio, agora em Roraima, onde novamente outro contingente de irmãos foi assassinado fria e cruelmente.
Vi as repercussões em muitas praças do Brasil.
Alguns diziam solenemente: “Bem feito, foi dá para ser bandido, era isso que merecia”.
Outros afirmavam que: “É melhor assim mesmo, pelo menos era menos gente para receber as benesses do Estado que paga um valor muito alto para sustentar estes vagabundos”.
Alguns se preocupavam até onde iria dar esta “eliminação” sumária, porque “se o Estado não consegue frear o que acontece dentro da prisão, como será se os bandidos quiserem fazer o mesmo do lado de fora?”.
Tudo isso me preocupa deverasmente porque mostra a insatisfação popular com o sistema de segurança que temos no nosso País; temo por uma desordem civil para arrumar este estado de coisas, mas, sobretudo, vejo com preocupação a indiferença de uma boa parte da população com o caso. Mexem com os ombros e perguntam: “E eu com isso?”
Insensíveis a tudo que ocorre, uns defendem que “a justiça seja feita da maneira como foi, mesmo que do modo deles, o importante é a vida prosseguir e eu me dar bem”.
Outros reagem com a indiferença com a vida de um irmão que errou. É verdade, mas nem por isso ele deixou de ser seu irmão. Você pensaria a mesma coisa se fosse um irmão consanguíneo seu?
Como estaria a cabeça e o coração das mães daqueles que foram duramente assassinados?
Alguns disseram que se eles estivessem livres estariam fazendo o mesmo. Pode até ser, mas nós devemos nos juntar ao mesmo nível de indiferença ou no mesmo nível de justiça pelas próprias mãos como muitos defendem?
Irmão é irmão, é incondicionalmente irmão. Se fez algo contra o próximo ou a sociedade deve, a pretexto de se fazer a justiça oficial, ser preso e pagar pelo que fez nos ditames da lei, por pior que tenham sido os seus crimes. Mas não deixa de ser irmão, esta é a verdade.
Ao que tudo indica, o Estado sabia e nada fez. Lavou as mãos. Preferiu ser acusado de incompetente a ter que se explicar depois na condição conivente com o assassinato.
Aa leis que vigoram atrás das grades, claro que não têm o teor das leis cristãs, pois lá não reina o Evangelho de Jesus, mas não é por isso que devemos nos contentar com a quantidade menor de criminosos no mundo.
A teia do mal, irmãos, é mais ampla do que muitos podem imaginar. Esta parte demonstrada é apenas uma forma de manifestação do estado de desorganização que eles promovem, no Brasil e no mundo.
O que ocorreu foi ajuste de contas entre eles, mas a Providência Divina, atenta para tudo que acontece, encarregou um grupo de irmãos em auxílio para aqueles que acordavam no mundo espiritual sem saber direito o que estava acontecendo e, por Misericórdia Divina, acolhia alguns deles que, minimamente, poderia despertar para o bem. Outros, porém, foram resgatados pelas ordens do mal e se perderam por si mesmos. Paciência.
O bem tem que imperar no planeta e isso um dia vai acontecer, mas, definitivamente, não será pela eliminação de irmãos perdidos no equívoco, tampouco pelas mãos de tiranos do poder.
Fiquemos em calma! Oremos por todos e sejamos ativistas da paz. É isso que o mundo tanto precisa nos dias de hoje.
Amém!

Helder Camara – Blog Novas Utopias

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