13.2.17

Minha História

A história se escreve todos os dias. Os fatos ocorridos hoje são valorizados no futuro. Aquilo que se imaginava sem importância no passado ganha hoje a altura de relevante. Portanto, o que está acontecendo neste momento com você, com o mundo, é história.
O valor da história é inestimável. Sem ela, sem nossa memória fundamental, não saberíamos quem somos hoje. Apenas quem valoriza a sua história possui condições efetivas de ser melhor no amanhã.
Quem reconhece a sua própria existência no tempo consegue criar uma identidade. Sim, porque identidade tem a ver também com aquilo que se identifica. Identifica em si, no outro ou numa situação dada como algo importante que merece registro, que não se pode perder na lembrança.
Assim é a história do mundo, assim é a nossa própria história individual.
Quando aqui cheguei, há algum tempo, fui batizado pelos meus pais como Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo. Com este nome, agreguei a herança, em todos os sentidos, do meu pai e da minha mãe. A história narrada dos dois agora fazia parte da minha própria história. Portanto, não apenas aquilo que vivi, mas tudo também que adquiri.
A história é relevante, igualmente, porque passamos a ter um referencial para onde ir. Sabemos de onde viemos, o que nos deu raízes, e poderemos, a par disso, lançar-nos adiante no tempo e no espaço.
A minha história foi contada aqui por diversos autores. Cada um deles identificou traços importantes na minha formação, no meu desenvolvimento, no auge da minha carreira e no meu declínio de atenção pública.
Tudo isso é importante porque caracteriza o que fui, o que fiz e por onde possivelmente devo ir.
A nossa história contada pelos outros tem as lentes dos outros. Contada por mim haverá de ter nuanças que ninguém percebeu. E mesmo aquela não dita por mim poderá encontrar vieses que eu, o protagonista de mim mesmo, não percebi.
A minha história entre vocês, na última vida do corpo, está posta, mas e depois?
Quando retornei ao “mundo dos mortos” fui recebido pelos meus pais.
- Bem-aventurada aquela criança que se fez homem e deixou o seu legado para tantos – dizia meu pai Nabuco de Araújo.
- Meu filho querido, sua mãe sempre torceu por você. Não houve um só minuto que eu não tenha pensado no êxito da sua vida.
Outra vez, Graça Aranha, já fora do corpo, me disse que eu fui muito lembrado pelo meu jeito cuidadoso, meu zelo pessoal, que isto ficou muito marcado.
Pensei comigo mesmo: engraçado, fiz tanto, escrevi tanto, me expus tanto, e por muitos sou lembrado pelo meu jeito de vestir e de me postar. Como é a vida...
No lado de cá, passei algum tempo para entender como tudo funcionava desse lado. É bastante diferente, pois os valores são outros àqueles praticados pela maioria na vida física. Tudo se modifica desse lado da vida, tudo passa a ter outro sentido. Fui me acostumando com o novo jeito de ser.
É interessante dizer isso com todas as letras porque a análise que muitos fazem de mim era de como eu era naquela época, naquele momento histórico que vivi. Não parei no tempo e minha mente não cessou de progredir.
Agora, depois de muitos estudos e vivências, na política e em outros campos do saber, estou mais estabilizado nas minhas emoções, muito mais cônscio das minhas responsabilidades e mais ainda no preciso fazer de agora em diante.
Aquele Joaquim Nabuco que todos conheceram não existe mais. Lógico, que possuo n’alma resquícios daquele em grande monta, mas, definitivamente, não sou mais o dândi nem o jornalista curioso, tampouco o abolicionista impetuoso. Outras causas existenciais abracei, sou outro homem, mais ligado as letras que antes, mas, bem mais entretido com as coisas espirituais, a realidade sem fim.
Tenho planos de voltar ao corpo físico em breve – não saberia precisar o prazo -, mas diante dos novos desafios que o planeta alberga para o seu desenvolvimento definitivo para a categoria dos mundo felizes, posso e devo contribuir mais decisivamente estando entre vocês. Seria, no mínimo, mais ouvido que sou hoje.
O que importa agora, ciente da minha história, recente e infinda, é projetar novos sonhos e vontades, elevar meu pensamento a Deus e pedir que me guie da melhor forma possível na tentativa de encontrar uma missão que valha a pena viver.
Com Deus,
Joaquim Nabuco - Blog Reflexões de um Imortal

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