10.8.17

A Partilha

A cada dia que passa mais aumenta a vontade de parte expressiva da população brasileira de deixar de lado as coisas da política. Razões obviamente não faltam para isso. Os desmandos sequentes da política, a malversação do dinheiro público e o descaso com as obras e serviços do Estado causam certa calamidade moral que parece não ter mais fim.
A propósito de promover mudanças no seio do Estado, muitos acordos subterrâneos são realizados e o povo, alheio a tudo isso, limita-se à poeira dos discursos baratos e a pagar, no final, a conta das decisões espúrias.
Este jogo de verdades e mentiras que se diluem nos argumentos de lado a lado esconde a real face da política que reina no nosso País onde todos, ou pelo menos a grande maioria, somente trabalha para satisfazer aos seus interesses individuais, sobrando muito pouco ou quase nada aos cofres públicos e aos bolsos das gentes mais simples.
Os interesses escusos, nunca revelados, não passam tão-somente de uma partilha de ganhos, ora dos vencidos, ora dos novos vencedores. Jogo, portanto, de cartas marcadas.
Agora, no momento cruciante da renovação política brasileira, os mesmos interesses se transvestem em argumentos pueris e o contraditório, quase sempre, fica apenas no campo da superficialidade. Todos perdem, ninguém efetivamente ganha.
O ganho de hoje se revela a perda de amanhã, assim o imbróglio que atualmente se administra tende a deixar para trás as velhas práticas, uma vez que elas estão sendo desfeitas e seus cúmplices colocados literalmente na prisão.
Em tempos de renovação como estes há que ter paciência e determinação. Paciência porque os velhos atores não sairão rapidamente de cena. Todos deixarão os seus postos e, mais tarde, no tempo certo, a tendência é que tenhamos novos protagonistas atuando nesta história. Determinação porque não há outro caminho a perseguir se desejamos efetivamente que o status quo se transforme.
Com isso, os governos locais penam. Os governos estaduais tentam aplacar as dores sofridas por estes, mas também passam, muitos deles, por situação de extremo pesar como é o caso do nosso Rio de Janeiro. O governo federal, que vive dos impostos gerais, acaba por absorver responsabilidades maiores para que o colapso geral não ocorra.
Os abusos de toda sorte têm que acabar e isto está em curso. De tudo isso que vemos aparecerá a voz do bom senso e da razão a conclamar por mudanças definitivas e profundas. Elas acontecerão. Serão implantadas mais pelas razões da falência de Estado do que por causa do aumento da consciência popular e política, mas que assim seja, pois é melhor do que nada.
As algemas do passado ainda prenderão por muito tempo as velhas raposas que bradarão por mudanças apenas da boca para fora, desejando mesmo é que tudo se mantenha do jeito que sempre foi.
As mudanças virão e com elas o clamor das ruas para que não se recue mais. Uma plêiade de novos políticos, no final, consolidará o novo estado de coisas. Não há outro modo de progresso. Tudo a seu tempo. Enquanto isso não ocorre, convém não baixar a guarda e promover em si mesmo, como afirmou o venerado Mahatma Gandhi, as mudanças que deseja ver no mundo.
Sobre os novos tempos, tenhamos a consciência que não ocorrerão como em um passe de mágica, mas será fruto do trabalho árduo daqueles que possuem o compromisso maior de verem a humanidade renovada.
É isto que deverá acontecer, senhores!


Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal 

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