12.4.18

PARÁBOLA DO JUIZ INÍQUO


    "Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que deviam orar sempre e nunca desanimar, dizendo: Havia em certa cidade um juiz, que não temia a Deus, nem respeitava os homens. Havia também naquela mesma cidade uma viúva que vinha constantemente ter com ele, dizendo: Defende-me do meu adversário. Ele por algum tempo não a queria atender; mas depois disse consigo: se bem que eu não tema a Deus, nem respeite os homens, todavia como esta viúva me incomoda, julgarei a sua causa, para que ela não continue a molestar-me com as suas visitas. Ouvi, acrescentou o Senhor, o que disse este juiz injusto; e não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a Ele clamam dia e noite, embora seja demorado a defendê-los? Digo-vos que bem depressa lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na Terra?" (Lucas, XVIII, 1-8. )

    A iniquidade é a falta de equidade, e a justiça revoltante. O iníquo é o homem perverso, criminoso, seja ele juiz, doutor, nobre, rico, pobre, rei.
    Na esfera moral, mesmo aqui na Terra, não se distinguem os homens pelo dinheiro e pelos títulos que possuem, mas, sim, pelo seu caráter. O iníquo não tem caráter, ou, por outra, tem caráter iníquo, pervertido. Mas ainda esse, quando tem de resolver alguma questão e o solicitante resolve bater à sua porta até que dê provimento ao seu pedido, para não ser incomodado, e porque é iníquo, resolve com presteza o problema, não para servir, mas para ficar livre de continuar molestado.
    Foi o que sucedeu com o juiz iníquo ante a insistência da viúva.
    De modo que a demora do despacho na petição da viúva foi causada pela iniquidade do juiz. Se este fosse equitativo, justo, reto, de bom caráter, cumpridor de seus deveres, a viúva teria recebido deferimento de seu pedido com muito maior antecedência.
    Seja como for, o despacho foi dado, embora a custo, após reiteradas solicitações, importunações cotidianas, e o juiz, apesar de iníquo, para não ser "amolado", resolveu a questão.
    "Ora, disse Jesus, ouvi o que disse esse juiz iníquo; e não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a Ele clama noite e dia, embora seja demorado em defendê-los? Digo-vos que bem depressa lhes fará justiça".
    Se a justiça, embora demorada, se faz na Terra até contra a vontade dos juízes, como não há de ser ela feita pelo supremo e justo juiz do Céu?
    A deficiência não é, pois, de Deus, mas sim dos homens, mormente na época que atravessamos, em que o Filho do Homem bate a todas as portas, inquire todos os corações e os encontra vazios de fé, vazios de crença, vazios de amor a Deus, vazios de caridade!
    Antigamente havia juízes iníquos; hoje, pode-se dizer que nem só os juízes, mas até os peticionários são iníquos!
    A iniquidade lavra como um incêndio devorador, aniquilando as consciências e maculando os corações: homens iníquos, lares iníquos, sociedade iníquas, governos iníquos, leigos iníquos, sábios iníquos; tudo isso devido à crença sacerdotal, aos dogmas das seitas dominantes! Mas o Senhor aí está a destruir a iniquidade, e, com ela, os iníquos.

Livro: Parábolas e Ensinos de Jesus - Cairbar Schutel

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